Já sabíamos que tinham diferentes
personalidades, que tinham um passado comum e se tratavam por tu. Também
sabíamos que havia remoques por dar, mágoas antigas por cicatrizar e que um
gosta mais de debates que o outro, pois sente-se mais à vontade perante as câmaras
de televisão.
O que precisávamos de saber, ficou por saber: quais as propostas
governativas de cada um para o país, seja eles semelhantes ou muito diferentes
daquelas que o atual governo executa.
E se tal aconteceu a culpa cabe aos dois
candidatos à liderança do PSD, mas em maior percentagem a Rui Rio. Então não é
ele o homem da ação, do concreto, das boas contas e boas práticas? Se Rio
perdeu o debate para Santana Lopes, não foi porque não é um animal de palco
político como Santana Lopes, mas tão somente porque não conseguiu demonstrar
que tem melhores ideias, que elas estão organizadas e sustentam uma lógica de
ação governativa.
Havia tanto por onde ir, mas Rio foi na
corrente de um debate morno, quase ao género de uma novela chocha, com guião previsível,
completamente desinteressante para o espectador.
A culpa não pode ser sempre do moderador. Ele
não foi além do financiamento dos partidos? Paciência, Rio tinha obrigação de
mostrar que tem ideias claras para a economia, para a promoção do emprego,
sobre a Segurança Social, sobre o financiamento do Ensino Superior, sobre a transformações
das grandes cidades em megastores de turismo, sobre o financiamento Serviço Nacional de Saúde,
sobre… o que quisesse. Não estava à espera que fosse Santana Lopes a puxar
esses assuntos, pois não?
Na reação ao debate com o rival, Rio diz que não
gostou do debate e que também sabe truques. Mais um tiro ao lado. Nós não queremos
saber de truques, Rui Rio; nós queremos saber de propostas concretas, das suas
ideias. Enquanto persistir nestes tirinhos de Carnaval com Santana, mais vai
aumentar a desilusão no eleitoral social democrata e mais espaço vai deixar
para que o voto emocional ganhe ao voto racional.
A maneira como Rui Rio tem gerido a sua
comunicação política foi tão desleixada que nem se notou a grande diferença de
preparação técnica para a governação, entre os dois.
Faltam oito dias para as eleições. É muito
pouco tempo para Rio demonstrar que é melhor no essencial do que Santana. E se
Rio não é avassalador dentro do PSD contra Santana Lopes, que já coleciona duas
derrotas em eleições internas, como poderá vencer ele vergar a coligação das
esquerdas daqui a dois anos?
GAVB
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