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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

LEMBRA-TE DE MIM


Sempre que correspondo aos convites de gente nova raramente me arrependo. Num dos últimos dias do ano uma adolescente convidou-me a ver «Coco», um filme da Disney Pixar, que me comoveu imenso e me proporcionou também um melhor conhecimento sobre a tradição do Dia dos Mortos, no México.
O filme conta a história de um menino, Miguel Rivera, que tem o sonho de se tornar num famoso músico, tal como Ernesto de la Cruz, ídolo de Miguel e um dos cantores mais famosos da História do México.
Na altura em que os mexicanos comemoravam o Dia dos Mortos, Miguel (um vivo) cai no mundo dos mortos e lá procura a bênção do ídolo para a concretização do seu sonho, pois da família não recebia nenhum apoio, já que a música havia-se tornado tema tabu para a família Rivera, desde que o tetravô de Miguel decidira abandonar a família para seguir uma carreira musical.

Nessa viagem ao mundo dos mortos - uma oportunidade única para todos nós mergulharmos numa das mais importantes tradições mexicanas, declarada património imaterial da Unesco em 2003 – Miguel há de descobrir que o valor da família é mesmo superior ao da concretização de qualquer sonho, pois os sonhos fazem-se de sacrifícios mas não de egocentrismos ou oportunismos.
O filme é altamente pedagógico e emocional, permitindo vários tipos de lições: histórica, cultural, musical, pessoal.

A canção “Lembra-te De Mim” é belíssima e transporta o essencial da mensagem do filme. De braço dado com ela surge a mítica canção mexicana “Chorona”, ao mesmo tempo bela e triste. Ambas servem de enquadramento à tradição mexicana do Dia dos Mortos. É uma tradição bem mais positiva e alegre que a tradição cristã ou norte-americana. Entre a noite de 31 de outubro e o final de 2 de novembro, os mexicanos enfeitam as suas casas com flores, velas e incenso e preparam-se para receber os entes queridos entretanto falecidos. Segundo a tradição mexicana, durante esses dois dias, os mortos podem visitar os seus familiares vivos. Estes preparam-lhes as suas comidas e bebidas prediletas e vestem roupas com esqueletos pintados ou fantasiam-se de morte, para que os seus mortos se sintam confortáveis no mundo dos vivos. No entanto, para que tudo isto aconteça é muito importante que os vivos se lembrem dos mortos, colocando uma fotografia deles junto a uma espécie de altar doméstico, erigido para a ocasião. 
Este pormenor da fotografia ganha especial relevância ao longo de todo o filme.

Quando saí do cinema, olhei profundamente a rapariga que me tinha convidado e surpreendido com aquele belo filme. Agradeci-lhe em silêncio, com o meu melhor sorriso, esperando que absorva para sempre aquele



“Lembra-te de mim
Apesar do meu adeus.
Lembra-te de mim…
Sem dor nos olhos teus,
Se bem que longe estarei, em mim tu ficarás.
E a melodia que nos une, à noite, ouvirás

Lembra-te de mim.”
https://www.youtube.com/watch?v=Yi6jBbdFI3M

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