A frase é de um salvadorenho que sintetiza de uma maneira muito
eficaz o sentimento de injustiça, desilusão, tristeza que invade os seus
compatriotas a residir nos EUA, depois de ficarem a saber que terão de
abandonar o território que lhes dá proteção especial há mais de vinte anos, em
virtude de mais uma louca decisão de Donald Trump, ele sim, um presidente de
m**da.
Os salvadorenhos são um povo desafortunado, por via dos
terramotos e da guerra civil que atiraram para a América das oportunidades e da
solidariedade milhares e milhares de homens e mulheres de El Salvador, nas
últimas duas décadas. Trump não vê neles pessoas, apenas gente pobre que não
renderá dinheiro à sua noção maquiavélica de “interesses da América”.
Ao refletir na frase do salvadorenho Bernardino Claros, não
posso deixar de pensar que ela tem uma aplicação bem mais ampla que a situação
concreta a que se refere. Em Portugal, como no Brasil, em França ou na Argentina há milhões de
pessoas que podiam ter este desabafo desencantado. Concentro-me no meu país,
nos flagelos que o têm assolado nos últimos meses e na impreparação dos
dirigentes para nos porem a salvo deles; relaciono esse infortúnio e
incapacidade com os conhecidos casos de corrupção e má gestão da coisa pública
e chego à mesma conclusão do salvadorenho: não merecíamos isto.
Não apenas
porque pagamos impostos e trabalhamos de uma maneira honesta e decente, mas
também porque nunca tivemos o retorno do investimento que fizemos no nosso
país.
Muitos de nós deram ao seu país o melhor do seu esforço, do seu conhecimento, do seu trabalho, da sua luta e da sua ambição, com total lealdade e comprometimento, obtendo em troca
uma mão cheia de nada e outra repleta de dívidas.
Não merecíamos isto, mas foi isto que tivemos, é isto que
temos.
GAVB
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