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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

TRABALHAMOS E PAGAMOS OS NOSSOS IMPOSTOS. NÃO MERECÍAMOS ISTO.


A frase é de um salvadorenho que sintetiza de uma maneira muito eficaz o sentimento de injustiça, desilusão, tristeza que invade os seus compatriotas a residir nos EUA, depois de ficarem a saber que terão de abandonar o território que lhes dá proteção especial há mais de vinte anos, em virtude de mais uma louca decisão de Donald Trump, ele sim, um presidente de m**da.
Os salvadorenhos são um povo desafortunado, por via dos terramotos e da guerra civil que atiraram para a América das oportunidades e da solidariedade milhares e milhares de homens e mulheres de El Salvador, nas últimas duas décadas. Trump não vê neles pessoas, apenas gente pobre que não renderá dinheiro à sua noção maquiavélica de “interesses da América”.

Ao refletir na frase do salvadorenho Bernardino Claros, não posso deixar de pensar que ela tem uma aplicação bem mais ampla que a situação concreta a que se refere. Em Portugal, como no Brasil,  em França ou na Argentina há milhões de pessoas que podiam ter este desabafo desencantado. Concentro-me no meu país, nos flagelos que o têm assolado nos últimos meses e na impreparação dos dirigentes para nos porem a salvo deles; relaciono esse infortúnio e incapacidade com os conhecidos casos de corrupção e má gestão da coisa pública e chego à mesma conclusão do salvadorenho: não merecíamos isto. 

Não apenas porque pagamos impostos e trabalhamos de uma maneira honesta e decente, mas também porque nunca tivemos o retorno do investimento que fizemos no nosso país. 
Muitos de nós deram ao seu país o melhor do seu esforço, do seu conhecimento, do seu trabalho, da sua luta e da sua ambição, com total lealdade e comprometimento, obtendo em troca uma mão cheia de nada e outra repleta de dívidas.
Não merecíamos isto, mas foi isto que tivemos, é isto que temos.

GAVB

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