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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

QUANDO É QUE MARCELO ALERTA PARA O ASSALTO, EM PREPARAÇÃO, À SANTA CASA DA MISERICÓRDIA?


«Não se pode desbaratar aquilo que tanto trabalho deu aos portugueses.» Marcelo Rebelo de Sousa

Quando os políticos querem aprovar algo que sabem ser polémico, controverso e provavelmente iníquo, encomendam um parecer. Antigamente, era um parecer jurídico (Marcelo Rebelo de Sousa era um especialista na área) que trazia o carimbo da autoridade do professor universitário de Direito, para aquilo que se pretendia fazer. Normalmente era gastar dinheiro dos portugueses, em algum negócio altamente questionável. Depois a moda passou do parecer jurídico para o parecer técnico, para diminuir o número daqueles que se podiam dar ao luxo de discutir as fundamentações do parecer.

A possível compra de 10% do falido Montepio pela Santa Casa da Misericórdia está dependente de um parecer técnico. Santa Lopes não queria concordar, mas chutou para canto, pedindo um parecer técnico que «ajudasse» a fundamentar a educada ordem do Governo. São 200 milhões de euros deitadas no caixote do lixo do Montepio, porque aquilo, tal como o BPN ou o BES, já não tem solução. Todos sabem disso, mas é preciso salvar “umas contas” e fazer uns acertos e para isso não há vergonha nenhuma em assaltar a caixa de esmolas dos pobres, que é, no fundo, aquilo que devia ser a Santa Casa da Misericórdia.

António Costa teve a lata de dizer que tem pena de não ser o pai da ideia. Acrescentou que a Santa Casa, com a liquidez que tem, faz muito bem em fazer aplicações financeiras. Mas o homem tem a noção do que diz? Afinal, o objetivo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é ajudar os mais necessitados ou fazer aplicações financeiras? Qualquer dia ainda sugere que a Santa Casa deve jogar na Bolsa!

E Marcelo que diz disto? E será que nenhum pé de microfone tem coragem para lhe fazer a óbvia pergunta? Então agora já se pode desbaratar aquilo que tanto trabalho deu aos portugueses a conquistar? Para os bancos que nos arrastaram para a crises já é admissível que se volta aos tempos antes da troika, senhor Presidente da República?

Na verdade, qual foi o retorno dos 15 mil milhões que Portugal investiu na banca nos últimos dez anos? Zero! Ainda pagámos para nos levarem os bancos e ficamos nos braços com milhares de trabalhadores despedidos e depósitos por resgatar.
Prepara-se um indecoroso assalto ao dinheiro angariado para os pobres, destinando-o a salvar os desmandos e os luxos de gente rica. Sobre isto, que tem a dizer Marcelo Rebelo de Sousa?

GAVB

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