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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

NULIDADE DO CASAMENTO CATÓLICO É SÓ UM EUFEMISMO DO DIVÓRCIO


Parece que os cristãos estão a perder o medo de dizer, por atos, o que pensam do casamento, do divórcio e do modo como a Igreja deve encarar as relações entre as pessoas.

Desde que o Papa Francisco deu ordem para a flexibilização da nulidade dos casamentos católicos, o número tem aumentado de ano para ano, de forma consistente. E continuará a aumentar.
As condições para obter a nulidade são conhecidas da generalidade das pessoas (não consumação física do casamento, incapacidade psíquica para consentir, violência ou medo…), o que mudou foi o modo de fazer a prova. Agora também é admissível a prova testemunhal, o que facilita bastante a aprovação do pedido.

A Igreja pode invocar os argumentos que quiser, dizer que não há divórcio nem anulação do casamento, mas antes que «o casamento não foi válido», que o resultado será sempre o mesmo: duas pessoas que estavam casadas pela Igreja deixam de o estar e podem contrair novamente matrimónio católico.

Era bem melhor que a Igreja se deixasse de eufemismos e assumisse que o casamento católico pode acabar como o civil, quando ambas as pessoas deixam de se amar. Invocar impotência de uma das partes ou deficiência psíquica ou até coação psicológica de um dos cônjuges sobre o outro quando a relação durou anos é tentar desfazer uma mentira com outra mentira.
Então essa pessoa que não consumou um casamento durante anos, daqui a uns meses já está capaz de consumar novo casamento com outra(o) mulher ou homem? E, se houve coação ou ameaça, como pôde ela durar tantos anos? Como não pensar que ela pode suceder novamente?

Claro que o divórcio é a derrota do casamento, mas apenas para «aquele» casamento e não para a instituição do casamento. Os católicos continuam a acreditar no casamento e por isso sempre desejaram esta flexibilidade da Igreja, que agora chega, ainda que envergonhadamente, o que é pena.
Quando um cristão pede a anulação do seu casamento católico está antes de mais a dizer que não quer viver uma mentira. Quem dirige a Igreja deve perceber a mensagem que os fiéis transmitem em cada época, porque só assim a Igreja Católica pode ser uma Igreja viva e participada.

GAVB

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