Apesar de haver muitos casais que querem adotar crianças,
cerca de metade das elegíveis ficam por adotar. A verdade é que há uma imensa
maioria de crianças institucionalizadas que ninguém quer. Na maioria dos casos,
a razão não se diz mas pressente-se: não corresponde aos padrões idealizados
pelas famílias que querem adotar.
A adoção é um processo de empatia mútuo que se constrói
lentamente e não é possível constranger ninguém a aceitar quem não quer,
portanto, o melhor é pensar noutro instituto (que não a adoção) para as
crianças institucionalizadas.
As instituições de acolhimento fazem o melhor que podem, mas
podem pouco e delas não podemos esperar o amor que uma família pode dar. É
verdade que as instituições estão pejadas de crianças difíceis e cheias de
problemas, mas temos de ser mental e culturalmente abertos a outras realidades.
Não sendo possível cativar famílias para adotar crianças mais
velhas, talvez seja possível encontrar famílias que ajudem numa integração
parcial das crianças institucionalizadas, na sociedade, ou seja, que assumam um compromisso
intermédio de inserção.
É óbvio que esse processo de aproximação a uma realidade
familiar pode fracassar e tem alguns contras, mas também é verdade que pode
permitir que milhares de crianças institucionalizadas crescem de maneira mais
saudável e harmónica.
Estas famílias de acolhimento temporário podiam evoluir para
famílias definitivas e adotantes, mas não teriam obrigação de o fazer.
Esperar que a instituição dê tudo aquilo que um adolescente/jovem
precisa é utópico; achar que uma família de acolhimento temporário redunda quase sempre em maior perda emocional futura é um preconceito. Precisamos de
tentar novas fórmulas, porque há muitas crianças que ninguém quer e a quem o
Estado dá uma resposta… pequenina.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário