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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

AQUELES QUE NINGUÉM QUER



Apesar de haver muitos casais que querem adotar crianças, cerca de metade das elegíveis ficam por adotar. A verdade é que há uma imensa maioria de crianças institucionalizadas que ninguém quer. Na maioria dos casos, a razão não se diz mas pressente-se: não corresponde aos padrões idealizados pelas famílias que querem adotar.
A adoção é um processo de empatia mútuo que se constrói lentamente e não é possível constranger ninguém a aceitar quem não quer, portanto, o melhor é pensar noutro instituto (que não a adoção) para as crianças institucionalizadas.

As instituições de acolhimento fazem o melhor que podem, mas podem pouco e delas não podemos esperar o amor que uma família pode dar. É verdade que as instituições estão pejadas de crianças difíceis  e cheias de problemas, mas temos de ser mental e culturalmente abertos a outras realidades.


Não sendo possível cativar famílias para adotar crianças mais velhas, talvez seja possível encontrar famílias que ajudem numa integração parcial das crianças institucionalizadas, na sociedade, ou seja, que assumam um compromisso intermédio de inserção.
É óbvio que esse processo de aproximação a uma realidade familiar pode fracassar e tem alguns contras, mas também é verdade que pode permitir que milhares de crianças institucionalizadas crescem de maneira mais saudável e harmónica.

Estas famílias de acolhimento temporário podiam evoluir para famílias definitivas e adotantes, mas não teriam obrigação de o fazer.
Esperar que a instituição dê tudo aquilo que um adolescente/jovem precisa é utópico; achar que uma família de acolhimento temporário redunda quase sempre em maior perda emocional futura é um preconceito. Precisamos de tentar novas fórmulas, porque há muitas crianças que ninguém quer e a quem o Estado dá uma resposta… pequenina.

GAVB

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