Em direto, na rádio, sem antes avisar o presidente Macron, o ministro francês da Transição Ecológica, Nicolas Hulot, apresentou a demissão do cargo que ocupava.
«Sim, não estamos a fazer avanços no controlo dos pesticidas, na biodiversidade, na qualidade do solo.»
Decidiu fazê-lo sem avisar e em público, para que não houvesse hipóteses de novamente o dissuadir.
"Se os tivesse avisado, iam tentar, novamente dissuadir-me!" - disse Holut.
Nicolas Holut assume, com frontalidade, a sua impotência para vencer aqueles que boicotam as urgentes reformas ambientais que a França precisa. E como o ambiente é mais importante que qualquer cargo, vaidade ou conveniência política o ministro francês decidiu sair, pois sempre pode surgir alguém que possa fazer algo de positivo, necessário e urgente.
Holut perdeu a batalha ambiental, mas manteve a dignidade pessoal, já que os seus parceiros do governo boicotaram a sua ação política.
Obviamente que as sociedades modernas não precisam de políticos que percam com dignidade e preferem as ações às demissões, no entanto quando a hipocrisia parece uma doença hereditária no meio político, é bom perceber que ainda há gente capaz de um pequeno sacrifício pessoal para que um bem coletivo maior não se perca.
Ainda que a maioria dos políticos não se tenha dado conta, falar sempre verdade, em público, é o primeiro passo para uma ação política eficaz e produtiva.
GAVB
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