Quatro semanas antes do início da Segunda Guerra Mundial, quando os políticos europeus mais experimentados sabiam que era impossível parar a sede de vingança e poder de Hitler, Einstein escreveu ao presidente dos Estados Unidos, F. Roosevelt, dando-lhe conta dos extraordinários avanços no mundo da Física - "talvez seja possível desencadear uma reação nuclear em cadeia, numa grande massa de urânio, ..." - que ajudariam na construção de uma bomba poderosíssima.
Einstein é bastante explícito: "Este novo processo conduziria à construção de bombas (...). Uma única bomba, transportada num barco e feita explodir num porto, pode destruir o porto por completo e uma parte da zona circundante."
Por muito distraído que Einstein pudesse ser (que não era...), ele tinha consciência da capacidade destruidora da bomba atómica ainda por nascer. Obviamente não o podemos condenar pelos efeitos radioactivos da bomba atómica, mas a carta que ele envia a Roosevelt mostra apenas um Einstein preocupado em ganhar a corrida do nuclear aos nazis e com o modo como seria transportada a pesada bomba, mas não com as pessoas. Um porto e arredores não são apenas barcos e instalações militares; quem destrói barcos e armazéns mais rapidamente destrói pessoas.
Faltava um mês para começar a guerra e Einstein parecia mais certo dela do que o ingénuo Chamberlain, embora os EUA não fizessem parte dos planos de ataque inicial de Hitler.
É verdade que o lançamento da bomba atómica alterou todo o pensamento do Homem sobre o nuclear assim como definiu as novas fronteiras do Medo, do Poder e da Chantagem, até aos dias de hoje.
Einstein arrependeu-se - "Se eu soubesse, teria sido relojoeiro!". Ele não sabia tudo (Nunca ninguém sabe...), mas sabia o suficiente para não jogar com o lado perverso do desenvolvimento científico. A bomba atómica e a energia nuclear fazem chantagem com a Humanidade, porque entre ela sempre haverá loucos e maldosos, e por isso continuo a pensar que "a reação nuclear em cadeia num grande massa de urânio" foi a mais infeliz conquista científica da História.
GAVB
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