Etiquetas

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

PROFESSORES SEM AULAS AOS 60 É UMA BOA PROPOSTA, MAS MUITO INGÉNUA


Quando os professores mais novos do sistema educativo português desesperam com a ausência de notícias sobre a sua colocação profissional para o novo ano letivo, a Associação dos Diretores Escolares propõe algo profundamente naïf: os professores com mais de sessenta anos podem optar por deixar de dar aulas, cumprindo o seu horário apenas com atividades não letivas (projetos, clubes, assessoria...).

Ninguém contesta o mérito da proposta e ela não é nova, mas as hipóteses de ser aceite são muito reduzidas. 
Então o governo do partido socialista não reconhece aos professores o direito a ter um carreira, apagando-lhes mais de nove anos de tempo de serviço, e agora ia permitir que os professores deixassem de exercer a sua principal atividade seis anos antes da idade da reforma?

A razão principal pela qual a reforma sem penalização só se atinge depois dos sessenta e seis anos é económica. 
Quando igualou a idade da reforma dos funcionários do Estado aos do setor privado, o governo tornou-se cego, surdo e mudo para as profissões de grande desgaste físico e psicológico. Na última década a situação não se alterou nem se vai alterar significativamente. 

Além da docência há outras atividades de grande desgaste físico e psicológico como é o caso dos enfermeiros ou de algumas forças de segurança e não se vê os governantes portugueses com vontade de atender à especificidade de cada profissão. Antes pelo contrário! A única exceção é a classe política, cuja pouca vergonha nas pensões e subvenções vitalícias é tão grande que acharam por bem impedir a divulgação da lista da vergonha.

A proposta dos diretores parece-me demasiado ingénua e destinada apenas a tentar restabelecer o clima de confiança entre diretores e professores, agora que a municipalização da educação está em marcha e todos os apoios conta. Lembram-se tarde que também são (ou foram) professores. 
Se queriam mostrar a sua solidariedade e coragem deviam mostrar a sua repulsa e indignação perante a falta de respeito que todos os anos o ministério da Educação manifesta com os professores, anunciando apenas nas últimas horas de Agosto a colocação profissional de milhares de professores. Além disso, ninguém ouviu a Associação de Filinto Lima ter uma palavra inequívoca sobre a justa luta dos professores pela restituição do seu tempo de serviço.
GAVB

Sem comentários:

Enviar um comentário