Nos últimos tempos, a CP
(Comboios de Portugal) tem sido alvo de várias críticas, pelo seu mau
funcionamento, péssimo serviço, alterações inexplicáveis de horários a meio do
verão. Além de não haver ninguém na CP que explique mudanças, assuma
responsabilidades ou justifique falhas, o que mais me admira é a falta de
estratégia comercial e o péssimo aproveitamento do motor da economia portuguesa
– o turismo.
A CP para uso doméstico dará
sempre prejuízo, mas o mesmo aconteceria com outros setores da economia
portuguesa se não abrissem os olhos para a nova ordem mundial, que cada vez
mais traz gente em movimento. Em Portugal, todos os dias, aterram dezenas de
milhares de turistas. Muitos deles já conhecem Lisboa e Porto e têm um desejo
enorme de descobrir outras cidades, como Aveiro, Braga, Guimarães, Évora,
Viseu, Coimbra… E que faz a CP para colocar um turista que aterra em Lisboa
rapidamente em Aveiro, Coimbra, Viseu, Évora ou Guimarães? Nada!
Um turista que
visita o nosso país já percorreu várias cidades europeias e está habituado a
chegar a um grande gare de uma capital ou de uma cidade importante de um determinado país e
ter comboios rápidos, com várias opções de horários, para os pontos turísticas
mais importantes desse país. Isso não acontece em Portugal.
Se estou em Lisboa,
e resolvo fazer uma incursão até Guimarães chego às 15 horas e 40 minutos! O que é que lá vou fazer se duas horas depois tenho de partir?
A CP só tinha a ganhar
em estabelecer parcerias com os principais operadores turísticos de cada
cidade, de maneira a colocar até às 10.30/11 horas qualquer turista que
aterrasse em Lisboa, Porto, Faro nas cidades portuguesas mais visitadas pelos
estrangeiros que visitam o nosso país. Comboios rápidos e sempre a circular.
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O turismo começou a salvar e a
reconverter a economia nacional. As cidades que o souberam aproveitar deram
um salto muito grande a nível económico e hoje atraem investimento com muito mais
facilidade.
Os Comboios de Portugal ignoraram por completo o turista e estão a
perder uma oportunidade de se tornarem sustentáveis, melhorarem a
qualidade do serviço, constituírem-se com um parceiro estratégico do alavancar
da economia nacional.
Podiam ser a solução ideal da mobilidade turística num
país pequeno e todo ele encostado ao litoral, mas preferem continuar a ser um
problema, por falta de estratégia e ousadia comercial.
gavb
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