O Papa Francisco atravessa o
momento mais difícil do seu pontificado, desde a sua eleição, em Março de 2013.
Os bispos ultra-conservadores aproveitam as omissões do papa Francisco sobre os
vários escândalos de abusos sexuais envolvendo altos membros da igreja nos EUA,
Chile, Irlanda e Austrália, para pedir a sua resignação e acusá-lo de herético.
Parece mais ou menos óbvio que
Francisco foi demasiado complacente com os padres e bispos pecadores do
passado. Apesar da maioria dos casos remontarem ao tempo de Bento XVI ou até de
João Paulo II, os inimigos do papa Francisco acusam-no de saber e não atuar
sobre os prevaricadores. É possível que tal tenha acontecido, pois parece-me
muito improvável que um papa desconheça informação tão importante e tão grave.
As razões para as omissões e
fraquezas de Francisco podem ser muito ponderosas e louváveis, mas constituíram
um autêntico tiro no pé, do ponto de vista político, por parte de Jorge
Bergoglio, dando oportunidade aos seus detratores de o acusarem de «saber e
pouco fazer».
O Papa tem sido muito importante
para a reabilitação da Igreja Católica enquanto agente determinante e
influenciador das diversas sociedades em que os cristãos estão em maioria. Se a
Igreja ainda é tida em conta no panorama político mundial a Francisco o deve.
Mas o Papa nunca conseguiu afastar o seu maior adversário: a cúpula
ultra-conservadora que domina o Vaticano. Francisco sempre os tratou com
demasiada indulgência e procurou rodear os problemas em vez de os enfrentar,
Revelou-se um erro, pois estes não hesitaram nem hesitarão em tentar destituir
Francisco, ainda que tenham que usar os ignóbeis pecados de bispos e padres
pedófilos.
A Igreja não pode deixar o seu
Papa sozinha na arena meediática, recebendo os golpes traiçoeiros de gente que apenas quer
manter o poder e tem uma visão errada e ultrapassada daquilo que deve ser a
Igreja no século XXI. Os crentes precisam de sinalizar, de modo inequívoco, a sua
posição ao lado do sucessor de Bento de XVI para que não aconteça ao argentino
aquilo que já aconteceu ao alemão: ser engolido pelos lobos do Vaticano.
GAVB
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