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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

TER UM FILHO NA UNIVERSIDADE CUSTA UM SALÁRIO MÍNIMO POR MÊS

Sete mil euros por ano, quase seiscentos euros por mês, é quanto uma família portuguesa tem de desembolsar para colocar um filho a estudar numa instituição pública de ensino superior. 
A maior fatia deste bolo cabe ao alojamento, seguido da alimentação, transportes, livros escolares, despesas pessoais e de saúde. Alguns alunos ultrapassam largamente este valor, aproximando-se dos mil euros mensais. Obviamente há muitas famílias portuguesas que não podem suportar tais encargos e o sonho dos filhos fica irremediavelmente perdido. 

Esta barreira económica impossibilita muitos jovens de alcançar uma situação profissional de acordo com as suas potencialidades, tornando a mobilidade social mais difícil.
Se tivermos em conta que o salário médio, em Portugal, ronda os 750/800 euros líquidos mensais, facilmente se depreende que só uma família com dois salários médios consegue suportar um filho(a) a estudar na Universidade. A situação fica muito difícil, senão impossível, para os agregados familiares onde existe desemprego ou onde ninguém ganha acima do ordenado mínimo, ou ainda quando há mais de um irmão em simultâneo na Universidade e o rendimento do agregado não ultrapassa dois salários médios.



Sinto que há muito a fazer nesta área e com urgência. As famílias não podem viver em constante sacrifício, cobrindo elas totalmente o investimento na formação dos filhos, quando toda a sociedade irá usufruir dele. Infelizmente, o Estado português não possui um recenseamento fidedigno sobre o número de estudantes que não prosseguiram estudos universitários por questões económicas ou que abandonaram a sua formação superior por falta de financiamento familiar. Seria mais produtivo este tipo de inquérito que procurar saber quantos ciganos, brasileiros ou asiáticos existem nas nossas escolas públicas.


Com recenseamento ou sem ele, é consensual que a ação social  escolar dos alunos universitários deixa muito a desejar. Uma medida estruturante que o governo devia implementar, para atalhar de forma convincente este problema, era a construção, em larga escala, de residências universitárias modernas, condignas e amplas, dotando-as das necessidades mais prementes dos estudantes: cantinas, bibliotecas, rede de internet. 

Este investimento torna-se tanto mais necessário, quano é sabido a subida em flecha do arrendamento urbano, em Lisboa e Porto. 
Como o alojamento consome cerca de 50% dos gastos de um estudante universitário deslocado, este tipo de medida seria uma ajuda enorme às famílias portuguesas e um investimento sério e certeiro no futuro do país.

GAVB  

1 comentário:

  1. E um mito dizer que hoje somos iguais no tratamento do ensino; além das despesas apresentadas nas públias, temos os alunos que não conseguiram entrar por falta de lugares nas públicas e que têm de se sujeitar às particulares; além desses custos ainda têm que suportar as mensalidades que andam à volta de 400 euros por mês; onde existe a igualdade?

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