Quando confrontado com o facto de 170 mil alunos terem sido
prejudicados pelo facto da nossa de Educação ainda não ter contado para a média
de entrada na universidade, o ex-ministro da Educação, Nuno Crato, teve lata de fazer este comentário: “Quer dizer que
esses alunos teriam passado à frente dos outros apenas pela nota de Educação
Física.”
A desonestidade intelectual de Nuno Crato é atroz tal como a da Confap,
que supostamente devia defender os direitos dos alunos, quando apenas defende
uma ideia elitista e ultrapassada de Escola, que promove a desigualdade de
oportunidades.
Para Crato existe a Matemática e, vá lá, o Português, que o
resto é paisagem. Para defender a elitezinha que julga perfeitamente inútil a Educação
Física, pois nunca se esforçou nas aulas e sempre obteve um «cinco» de favor,
Crato prejudica 70% dos alunos e cria desigualdade entre eles, nomeadamente nas condições de
acesso à universidade.
A verdade é que injustificadamente 80 mil alunos beneficiaram
da possibilidade de excluir uma disciplina, onde não tinham grande nota, para
ultrapassar colegas de uma maneira imoral.
Quantos alunos não gostariam de
dispensar a nota de Português ou Matemática ou Filosofia? Muitíssimos! Muitos
mais do que aqueles que gostariam de dispensar a nota de Educação Física. Só que
para uns houve uma lei cretina e para outros houve um favorecimento
injustificado.
Se a disciplina não conta, que se tenha a coragem de acabar com
ela! Mas não é isso que querem! O que querem é desvalorizá-la, menorizá-la,
mas obter «cincos» ou «dezoitos» ou «vintes», por favor, e eliminá-la sempre que ela
possa colocar os alunos mais capazes, completos nos cursos com mais procura.
A disciplina de Educação Física só prejudica quem não
respeita a disciplina, quem a desqualifica e nunca se dá ao trabalho de melhorar
a sua performance. Ao contrário do que se diz, não são as aptidões naturais para
o desporto que fazem os grandes alunos, mas a capacidade de superação, a evolução,
o estar comprometido com a disciplina. Os alunos sabem isto, mas há alguns paizinhos
que acham que a única coisa que o professor deve exigir é que o aluno saltae e
corra para que a nossa máxima lhe seja atribuída, caso contrário a disciplina
deve ser abandonada.
Os professores de Educação Física nem deviam ter de
demonstrar o carácter benéfico da sua disciplina, pois estão a lidar com gente
de má-fé, que se habituou a desprezar a atividade física enquanto componente fundamental
da educação dos jovens, pois nenhuma outra disciplina se justifica desta
maneira. Como seria interessante que um candidato a filósofo argumentasse que só
não entrou no curso pretendido por não poder excluir Matemática ou Português em
vez de Educação Física.
Nota final: Durante décadas, os professores de Educação Física
foram alimentando este monstro terrível e preconceituoso sobre a sua
disciplina, atribuindo notas de favor aos meninos e sobretudo às meninas,
contribuindo para que a disciplina não fosse respeitada por muitas alunas e
respetivas encarregadas de educação.
GAVB
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