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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

QUANDO A NOTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NÃO CONTA, UMA ELITE É BENEFICIADA E A MAIORIA É PREJUDICADA

Quando confrontado com o facto de 170 mil alunos terem sido prejudicados pelo facto da nossa de Educação ainda não ter contado para a média de entrada na universidade, o ex-ministro da Educação, Nuno Crato, teve lata de fazer este comentário: “Quer dizer que esses alunos teriam passado à frente dos outros apenas pela nota de Educação Física.” 

A desonestidade intelectual de Nuno Crato é atroz tal como a da Confap, que supostamente devia defender os direitos dos alunos, quando apenas defende uma ideia elitista e ultrapassada de Escola, que promove a desigualdade de oportunidades.

Para Crato existe a Matemática e, vá lá, o Português, que o resto é paisagem. Para defender a elitezinha que julga perfeitamente inútil a Educação Física, pois nunca se esforçou nas aulas e sempre obteve um «cinco» de favor, Crato prejudica 70% dos alunos e cria desigualdade entre eles, nomeadamente nas condições de acesso à universidade. 
A verdade é que injustificadamente 80 mil alunos beneficiaram da possibilidade de excluir uma disciplina, onde não tinham grande nota, para ultrapassar colegas de uma maneira imoral. 
Quantos alunos não gostariam de dispensar a nota de Português ou Matemática ou Filosofia? Muitíssimos! Muitos mais do que aqueles que gostariam de dispensar a nota de Educação Física. Só que para uns houve uma lei cretina e para outros houve um favorecimento injustificado. 

Se a disciplina não conta, que se tenha a coragem de acabar com ela! Mas não é isso que querem! O que querem é desvalorizá-la, menorizá-la, mas obter «cincos» ou «dezoitos» ou «vintes», por favor, e eliminá-la sempre que ela possa colocar os alunos mais capazes, completos nos cursos com mais procura.

A disciplina de Educação Física só prejudica quem não respeita a disciplina, quem a desqualifica e nunca se dá ao trabalho de melhorar a sua performance. Ao contrário do que se diz, não são as aptidões naturais para o desporto que fazem os grandes alunos, mas a capacidade de superação, a evolução, o estar comprometido com a disciplina. Os alunos sabem isto, mas há alguns paizinhos que acham que a única coisa que o professor deve exigir é que o aluno saltae e corra para que a nossa máxima lhe seja atribuída, caso contrário a disciplina deve ser abandonada.

Os professores de Educação Física nem deviam ter de demonstrar o carácter benéfico da sua disciplina, pois estão a lidar com gente de má-fé, que se habituou a desprezar a atividade física enquanto componente fundamental da educação dos jovens, pois nenhuma outra disciplina se justifica desta maneira. Como seria interessante que um candidato a filósofo argumentasse que só não entrou no curso pretendido por não poder excluir Matemática ou Português em vez de Educação Física.

Nota final: Durante décadas, os professores de Educação Física foram alimentando este monstro terrível e preconceituoso sobre a sua disciplina, atribuindo notas de favor aos meninos e sobretudo às meninas, contribuindo para que a disciplina não fosse respeitada por muitas alunas e respetivas encarregadas de educação.       
GAVB

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