«Acabou
tudo!» - foi o desabafo do museológico Marco Aurélio Caldas ao visitar as
ruínas do Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, que ardeu nesta
madrugada.
Durante
seis longas horas, as chamas foram apagando vorazmente a memória de um povo com
dois séculos de existência.
Muitas
vezes, só na perda percebemos a real importância das instituições ou das
pessoas. Os museus e as bibliotecas guardam grande parte do DNA de um povo. São
o cofre da memória coletiva que tantas vezes cuidamos mal ou desprezamos.
O
abandono, a incúria, o desinvestimento tornaram-se ações vulgares e recorrentes
da maioria dos responsáveis políticos, em diversos países.
O que
aconteceu no Rio de Janeiro foi, provavelmente, a conjugação do infortúnio com
o desinvestimento do governo federal brasileiro na cultura. Nos últimos meses,
o governo de Temer fez cortes significativos na dotação orçamental do Museu
Nacional. Nesta madrugada, a sorte deixou de proteger a incúria e os
brasileiros ficaram mais pobres.
A dor dos
brasileiros e da lusofonia pode ser a nossa daqui a alguns meses ou semanas,
porque também em Portugal a preservação do património é um luxo. A tragédia brasileira
tem de abrir os olhos, as consciências e sobretudo as bolsas de quem tem sempre
desculpas para a falta de investimento na cultura e na educação, mas é um mãos largas
para bancos falidos.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário