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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

QUANDO UM MUSEU ARDE, UMA PARTE DA MEMÓRIA COLETIVA FICA EM CINZAS




«Acabou tudo!» - foi o desabafo do museológico Marco Aurélio Caldas ao visitar as ruínas do Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, que ardeu nesta madrugada.
Durante seis longas horas, as chamas foram apagando vorazmente a memória de um povo com dois séculos de existência.
Muitas vezes, só na perda percebemos a real importância das instituições ou das pessoas. Os museus e as bibliotecas guardam grande parte do DNA de um povo. São o cofre da memória coletiva que tantas vezes cuidamos mal ou desprezamos.
O abandono, a incúria, o desinvestimento tornaram-se ações vulgares e recorrentes da maioria dos responsáveis políticos, em diversos países.

O que aconteceu no Rio de Janeiro foi, provavelmente, a conjugação do infortúnio com o desinvestimento do governo federal brasileiro na cultura. Nos últimos meses, o governo de Temer fez cortes significativos na dotação orçamental do Museu Nacional. Nesta madrugada, a sorte deixou de proteger a incúria e os brasileiros ficaram mais pobres.
A dor dos brasileiros e da lusofonia pode ser a nossa daqui a alguns meses ou semanas, porque também em Portugal a preservação do património é um luxo. A tragédia brasileira tem de abrir os olhos, as consciências e sobretudo as bolsas de quem tem sempre desculpas para a falta de investimento na cultura e na educação, mas é um mãos largas para bancos falidos.
GAVB

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