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sexta-feira, 12 de junho de 2015

TRABALHO INFANTIL


O trabalho infantil é um problema de país pobre causado pela hipocrisia e oportunismo dos países ricos.
Com a globalização, o trabalho infantil saiu da agenda mediática, porque as agências de comunicação e de imagem das grandes marcas fizeram um enorme trabalho de cosmética que varreu o incómodo tema para os programas televisivos de menor audiência.
O problema do trabalho infantil deve ser visto a uma escala global e só terá solução se houver políticas concertadas e coerentes que o ataquem. Não vale a pena dizer que não há crianças a trabalhar em Portugal, quando continuamos a comprar bolas de futebol ou jeans feitos por crianças asiáticas, coagidas por uma situação económica débil que não permite escolha.


Um país pobre, onde falta a água potável, ruas alcatroadas, saneamento básico, instrução primária, cuidados de saúde básicos, não tem autoridade moral nem força política para exigir aos pais dessas crianças que não ponham os seus filhos pequenos a trabalhar, em caso de necessidade extrema. Não há muitos pais que coloquem os seus filhos a trabalhar duramente, antes de terem idade para isso, de ânimo leve.
Para além da destruturação económica do mundo, o problema do trabalho infantil reside no facto dos “intermediários” ficarem com uma parte pornográfica daquilo que pagamos por alguns produtos à venda nas melhores lojas dos países desenvolvidos.

As grandes marcas mundiais já não sujam diretamente as mãos. Há sempre uma empresa, no meio, que compra sapatos, roupa ou artigos manufaturados exóticos, que trata de “negociar” (na verdade, coagir) diretamente com os cidadãos de vários países subdesenvolvidos em África, na América do Sul ou na Ásia.
Não há uma solução milagrosa, única e rápida para este problema. No entanto, é possível fazermos um pouco mais do que aquilo que fazemos. A começar pela comunicação social, que pode e deve desmascarar as empresas que se aproveitam direta e indiretamente da mão-de-obra infantil. Depois, a opinião pública tem de exercer a sua pressão moral sobre os donos dessas grandes empresas/marcas, para que deixem o comodismo à Pilatos e ajam!

Agir é cortar nas comissões dos intermediários e pagar mais aos produtores; agir é oferecer trabalho digno aos pais destas crianças; agir é denunciar os regimes políticos corruptos que pedem dinheiro às grandes empresas e lhes oferecem, em troca, o trabalho quase escravo das crianças do seu país; agir é propor pagar em alimentos, medicamentos, vacinas, escolas, professores, junto daqueles que trabalham dez/doze horas diárias e ainda passam fome. Agir é…
O trabalho infantil é muito mais do que um problema de país pobre, é uma nódoa negra na consciência da Humanidade.

Gabriel Vilas Boas

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