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domingo, 14 de junho de 2015

INDEX LIBRORUM PROHIBITORUM



Foi apenas há 49 anos que a Igreja Católica decidiu acabar com um dos índices mais vergonhosos da história da humanidade, o conhecido INDEX, cujo nome completo era Index Librorum Prohibitorum, que reunia a lista de todos os livros proibidos pela Igreja Católica. Este nefando índex foi criado no século XVI (1559) e conseguiu existir durante longuíssimos e incríveis quatro séculos.
Todos ficámos a conhecer este INDEX quando estudámos História e nos ensinaram como a Igreja Católica reagiu da pior maneira ao início do protestantismo. Inquisição e Index eram as formas mais visíveis e impressivas de censurar e punir todos aqueles que se opunham às ideias do Papa. O que poucos sabiam era que esta triste ideia demorou quatro séculos a ser banida da Igreja Católica.

De todo e qualquer prisma que olhe para ele não lhe consigo ver qualquer mérito e considero uma nódoa muito triste na História da Igreja Católica.
Ao longo de mais de quatrocentos anos fizeram parte deste INDEX da vergonha autores tão ilustres como Galileu Galilei, Copérnico, Kant, Descartes, Diderot, Pascal, Montesquieu, Rousseau, Zola, Victor Hugo, Balzac, Erasmo de Roterdão, entre muitos outros. Que escreveram eles para serem assim anatemizados pelo Vaticano? Em muitos casos, obras maravilhosas para a humanidade, do ponto de vista científico, sociológico, teológico, mas que estavam completamente desalinhados com o pensamento papal na época em que foram publicados. Os teólogos do Vaticano diziam que colidiam com a doutrina oficial da igreja, com as ideias do Papa, que continham deficiências morais, que continham incorreções políticas, que tresandavam a sexualidade explícita, que eram uma heresia… 

Na verdade e na maioria dos casos apenas punham em causa, fundamentadamente, as convenientes (in)verdades que convinham à Igreja Católica. Em vez de as debater ou de contrapor argumentos, a Igreja de Roma usou todo o seu poder para as censurar e proibir.
Durante muitos anos esse poder era tão grande que essas obras não conseguiam circular em países como o Brasil, Portugal ou a Polónia, impedindo muitos de conhecerem ideias e textos brilhantes.
O INDEX foi o erro crasso que a Igreja cometeu e do qual só retirou prejuízos. Censurar nunca é solução e é um péssimo sinal quanto à segurança das ideias que defendemos além de dizer muito mal do nosso carácter. Por outro lado, como o fruto proibido é sempre o mais apetecido, os livros e os autores que constavam deste INDEX viram-se alvo duma publicidade e carinho inusitados que levaram à leitura das suas obras pelos espíritos mais curiosos. Estar no INDEX tornou-se quase numa medalha que certos autores gostavam de exibir. Apesar de tudo, os livros e as ideias neles contidas triunfaram pelos seus méritos e contra isso não há censura que valha.
Quando o Vaticano decidiu abolir o INDEX, a 14 de junho de 1966, nele constavam incríveis 4000 títulos. São títulos a mais e anos a mais. Era bom que os cristãos pensassem nisto, porque foram equívocos como este que criaram tantos agnósticos e tanta gente com má vontade contra a Igreja do Papa Francisco.

Gabriel Vilas Boas

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