Foi
apenas há 49 anos que a Igreja Católica decidiu acabar com um dos índices mais
vergonhosos da história da humanidade, o conhecido INDEX, cujo nome completo
era Index Librorum Prohibitorum, que reunia a lista de todos os livros
proibidos pela Igreja Católica. Este nefando índex foi criado no século XVI
(1559) e conseguiu existir durante longuíssimos e incríveis quatro séculos.
Todos
ficámos a conhecer este INDEX quando estudámos História e nos ensinaram como a
Igreja Católica reagiu da pior maneira ao início do protestantismo. Inquisição
e Index eram as formas mais visíveis e impressivas de censurar e punir todos
aqueles que se opunham às ideias do Papa. O que poucos sabiam era que esta
triste ideia demorou quatro séculos a ser banida da Igreja Católica.
De
todo e qualquer prisma que olhe para ele não lhe consigo ver qualquer mérito e
considero uma nódoa muito triste na História da Igreja Católica.
Ao
longo de mais de quatrocentos anos fizeram parte deste INDEX da vergonha
autores tão ilustres como Galileu Galilei, Copérnico, Kant, Descartes, Diderot,
Pascal, Montesquieu, Rousseau, Zola, Victor Hugo, Balzac, Erasmo de Roterdão, entre
muitos outros. Que escreveram eles para serem assim anatemizados pelo Vaticano?
Em muitos casos, obras maravilhosas para a humanidade, do ponto de vista
científico, sociológico, teológico, mas que estavam completamente desalinhados
com o pensamento papal na época em que foram publicados. Os teólogos do
Vaticano diziam que colidiam com a doutrina oficial da igreja, com as ideias do
Papa, que continham deficiências morais, que continham incorreções políticas,
que tresandavam a sexualidade explícita, que eram uma heresia…
Na verdade e na
maioria dos casos apenas punham em causa, fundamentadamente, as convenientes (in)verdades
que convinham à Igreja Católica. Em vez de as debater ou de contrapor
argumentos, a Igreja de Roma usou todo o seu poder para as censurar e proibir.
Durante
muitos anos esse poder era tão grande que essas obras não conseguiam circular
em países como o Brasil, Portugal ou a Polónia, impedindo muitos de conhecerem
ideias e textos brilhantes.
O
INDEX foi o erro crasso que a Igreja cometeu e do qual só retirou prejuízos. Censurar
nunca é solução e é um péssimo sinal quanto à segurança das ideias que
defendemos além de dizer muito mal do nosso carácter. Por outro lado, como o
fruto proibido é sempre o mais apetecido, os livros e os autores que constavam
deste INDEX viram-se alvo duma publicidade e carinho inusitados que levaram à
leitura das suas obras pelos espíritos mais curiosos. Estar no INDEX tornou-se
quase numa medalha que certos autores gostavam de exibir. Apesar de tudo, os
livros e as ideias neles contidas triunfaram pelos seus méritos e contra isso
não há censura que valha.
Quando
o Vaticano decidiu abolir o INDEX, a 14 de junho de 1966, nele constavam incríveis
4000 títulos. São títulos a mais e anos a mais. Era bom que os cristãos
pensassem nisto, porque foram equívocos como este que criaram tantos agnósticos
e tanta gente com má vontade contra a Igreja do Papa Francisco.
Gabriel
Vilas Boas
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