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sexta-feira, 19 de junho de 2015

CATEDRAL DE BURGOS: A DAMA DOS GÓTICOS CORUCHÉUS

 Quem gosta de catedrais, quem aprecia a sua arquitetura intemporal, não pode deixar de ter no seu coração a CATEDRAL DE BURGOS. Uma obra-prima, que a UNESCO já classificou como património da humanidade em 1984, pois considerou-a expoente máximo da arquitetura sacra do período gótico.
A beleza desta catedral ensombra duplamente a Cidade Velha de Burgos que a circunda: toma o céuu de assalto com a sua fachada de duas torres e seduz pela filigrana e distinção dos seus coruchéus góticos.
No tempo do rei D. Fernando III e do bispo Maurício, no lugar de uma igreja românica, foi lançada a primeira pedra para a construção de um novo templo. Nessa altura Burgos já deixara de ser, na prática, a capital de Castela, mas mantinha a dignidade de diocese e representava um ponto importante de passagem para os peregrinos de Santiago de Compostela. Era também a metrópole castelhana do comércio de lã, muito apreciada na Flandres e em Inglaterra. Esse comércio fez de Burgos uma cidade próspera e o novo templo devia testemunhar essa riqueza.

O Cadeiral em nogueira de Felipe Vilgarny

No entanto, até à conclusão da obra, iniciada em estilo gótico francês, passaram três séculos. Durante esses longos 300 anos, Burgos atraiu construtores de toda a europa que conseguiram imprimir uma unidade estilística ao conjunto.
As duas torres em forma de lanceta, que ultrapassam os 80 metros de altura, ainda hoje merecem respeito e são símbolo da perfeição formal do gótico, com os seus pináculos rendilhados e a ornamentação de folhagem estilizada. Para muitos visitantes, esta é a mais bela vista de toda a cidade, à qual, postados diante da fachada da Igreja, na praça de Santa Maria, tudo estamos dispostos a perdoar: os subúrbios devorados pelos gigantes industriais, blocos habitacionais construídos sem lógica nem estética e um clima horrível.

A catedral costuma receber os seus visitantes com um quente odor a círios e incenso. Segue-se uma viagem de exploração de um mundo peculiar no coração da cidade castelhana. Um mundo onde pairamos imponderáveis e no qual os olhares balançam entre o céu e a terra. Contemplamos a abóbada ricamente decorada, a rosácea gótica e o magnífico altar-mor com cenas da vida de Maria.
De vez em quando, o olhar não desliza em direção ao céu, mas, num movimento rasteiro, descobre encastoado, no transepto, o monumento em honra de El Cid, oriundo da região de Burgos. O herói nacional de Espanha entrou na História pelos seus feitos contra os Mouros, embora também tenha feito de agente duplo e temporariamente tenha estado também ao serviço do rei Mouro de Saragoça. Porém, com a libertação de Valência do domínio muçulmano, não só adquiriu a sua própria área de soberania como fez jus ao seu segundo cognome, “El Campeador”.

A escada Dourada do arquiteto Diego Siloé

Por onde quer que se olhe na catedral de Burgos, desdobra-se em cada recanto, uma fascinante profusão de ornamentos e em todo o lado há brilho e esplendor. Escultores e arquitetos de renome deixaram a sua assinatura numa das maiores catedrais de Espanha: Diego de Siloé e a sua escada dourada; Felipe Vigarny e o precioso cadeiral em nogueira para os 103 membros do cabido; Simon de Colónia com a capela do Condestável, uma capela em forma octogonal, do gótico tardio, com uma bela abóbada estrelada.
Entre as muitas capelas não é possível ignorar a capela de Cristo, onde a imagem do crucificado perturba pelo seu realismo. Ao que consta, os artistas incorporaram no trabalho cabelo humano e pele de búfalo.

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