DIABO:
Ó poderoso Sócrates, que coisa é esta? Que vos traz por cá?
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Estava farto da prisão! Achei que era melhor falecer! Pior
diabo que o juiz Carlos Alexandre não deve haver!
DIABO:
Fizeste bem! Falecer é coisa boa, especialmente numa pessoa do vosso nível!
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Ainda bem que alguém reconhece. Sabes, têm-me tratado mal.
Deixei de viajar, de dar entrevistas, de mandar os meus «bitaites» sobre o
governo e agora acusaram-me de corrupto. Tudo sem provas! Uns canalhas!
DIABO:
Mas como tinhas dinheiro para aqueles luxos em que vivias?
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Não tinha! Era o meu amigo Zé Carlos que pagava sempre
tudo. Somo amigos desde pequenos. Já nessa altura o Zé Carlos recebia de quem
me devia!
DIABO:
Afinal o dinheiro sempre era teu…
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Não era nada. Era do Carlos. É um amigo do peito e
generoso. Quer ver? Olha, até o trouxe comigo! Carlos, anda aqui cumprimentar o
Dr. Cornudo.
DIABO:
Mau, começamos mal! Cornudo é a mãezinha.
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: A mãezinha não! A minha mãezinha é uma santa. Sempre que
havia encrenca, eu telefonava à mãezinha e ela lá assinava mais um papel que me
livrava de suspeitas.
CARLOS
SANTOS SILVA: Algum problema, chefe? É preciso fazer algum pagamento? Eu trouxe
a carteira (e exibe a carteira recheada de notas) e o livre de cheques.
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: (Algo impaciente): Não é nada disso, burro! É só para
cumprimentar aqui o senhor… como disse que se chama?
DIABO:
Não disse!
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Também não importa. O que importa é que queria
apresentar-lhe o meu amigo Carlos, que me acompanha para todo o lugar que é
preciso.
CARLOS
SANTOS SILVA: É verdade, senhor. Só não vou atrás do Sócrates para a casa de
banho.
DIABO:
Olhe que daqui a pouco também se vai pagar para fazer chichi! Com o governo do
Passos só não se paga se roubar, subornar, aldrabar!
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: É por isso que eu não entendo porque fui preso! Fiz tudo
como o Paulo Portas, mas enquanto ele passeia de submarino eu passeio no pátio
da prisão.
DIABO:
Deixa lá Zé, agora estás aqui! E boa companhia não te vai faltar! Temos ali o
Duarte Lima e logo à noite chega mais alguém que tu conheces…
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Adoro surpresas! Se for a Teresa Guilherme ainda vamos brincar
ao quarto escuro!
DIABO:
Tu vais é brincar ao José Ratão que caiu no Caldeirão. Anda cá que o teu lugar
é no inferno.
(foge
para o outro lado da sala/palco)
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Mas tu estás doido? Eu só vim ver a bola. Tu cheiras mal! E
eu vou para outro tribunal que tu és do PSD e só me queres mal. Carlos traz o
banco que vamos recorrer para o Tribunal desta menina que tem cara de anjinha!
CARLOS
SANTOS SILVA: O banco, chefe?! Mas o BES foi à falência e agora já ninguém nos
empresta dinheiro.
JOSÉ
“FILDALGO”SÓCRATES: Não é desse banco que estava a falar, seu estúpido. É do
banco onde estás sentado. Leva o banco para junto daquela menina vestida de
banco e espera lá por mim, que antes desse encontro tão importante quero fazer
a minha corridinha diária.
(José
Sócrates tira o casaco e corre um pouco à volta do palco. Faz algumas flexões.
Depois cheira a axilas – que cheiram mal – perfumar-se, penteia o cabelo e
dirige-se todo sorridente para junto do anjo)
ANJO: Que me queres homem presumido?
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Presumido, eu??? Bonito, queres tu dizer! Fica sabendo que
fui eleito o segundo mais bonito primeiro-ministro da Europa.
ANJO:
E o primeiro mais corrupto!
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Que corrupto! Eu não tenho nada de meu! Aliás toda a gente
sabe que vivo da caridade aqui do meu amigo Carlos! Não é Carlinhos?
CARLOS
SANTOS SILVA: (distraído)… falsidade? Não há falsidade nenhuma, menina. O Zé é
um anjo!
ANJO:
Um bom anjinho saíste-me tu, seu nabo! Vamos ao que importa: não há lugar aqui
para ti!
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Não me diga uma coisa dessas, menina! Eu estou farto da
comida da prisão, eu estou farto dos jornalistas e detesto gente com cornos.
ANJO:
Pois… não sei que te faça: Olha pede ajuda à tua mãezinha… ehehehe… Mas agora
desampara-me a loja.
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: És uma ingrata. Não reconheces tudo quanto fiz pelo meu
país: meses e meses a enganar a gorda da Merkel para nada.
ANJO:
A enganar a Merkel e a afundar o país. Desaparece-me da vista, seu vigarista!
(Cabisbaixo,
José Sócrates chora no ombro do amigo. Abraçam-se e ambos caminham em direção
ao DIABO)
DIABO:
Sócrinho, Sócrinho, não chores, não chores… anda cá ao tiozinho!
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Não me apetece, estuporzinho! Vou voltar ao meu mundinho, e
pedir ajuda ao meu padrinho!
DIABO:
Ao teu padrinho? Ahahah! A quem? Ao velho gagá Mário Só Ares? Deixa-te disso,
morreu ontem! Já vem a caminho!
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Isso não foi porreiro, pá! Carlos, ainda temos dinheiro
para subornar o cornudo?
CARLOS
SANTOS SILVA: Gastamos quase tudo em Paris! Agora só temos ações do BES!
DIABO:
Isso não vale nada, ó gordo. Zé, desiste. Aqui deixas de ser o 44 e passas
novamente a n.º1
JOSÉ
“FIDALGO” SÓCRATES: Volto ao governo? Volta a mandar? Porreiro, pá. Aceito!
(Dá
um abraço ao diabo, empurra o amigo para dentro e entra contente).
GAVB
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