Trata-se
duma exposição de enorme qualidade, onde é possível apreciar mais duma centena
de peças de escultura e pintura, do século XVI ao século XX, que nos conduzem
numa encantadora viagem pela arte da representação humana.
O reputadíssimo colecionador de arte, bibliógrafo, designer e editor, Franco Maria Ricci trouxe a Lisboa cerca dum quarto da sua heterogénea e heterodoxa coleção de arte, para o público português admirar cuidadosamente. Foi o que fiz! Guiado por uma simpática guia do museu que soube suscitar a nossa curiosidade do mesmo modo que permitiu uma interação muito enriquecedora.
A
exposição está dividida em dez núcleos temáticos, sendo os mais interessantes
aqueles que são dedicados ao classicismo, neoclassicismo e maneirismo. No
entanto, a grande atração desta exposição é uma extraordinária escultura do
papa Clemente X feito pelo mais famoso escultor do Barroco romano: Bernini. A
escultura em mármore transmite toda a serenidade e sabedoria do Papa Clemente
X, com quem Bernini teve uma zanga pública, mas que terminou depois de Bernini
ter esculpido a sua obra-prima. Aliás é a primeira vez que o público português
tem a oportunidade de ver uma obra de Bernini em Portugal.
Mas
nem só de Bernini vive a exposição dedicada à coleção de Franco Maria Ricci. No Museodemos encontrar a “Beatriz” de Canova, “Cristo abençoado” de Fillippo
Mazzola, ou o “Retrato de Marie Madeleine de Vignerod – duquesa de Aiguillon”,
de Jacopo Ligozzi e Phillippe de Champaigne.
Um
núcleo que me chamou particularmente à atenção foi o dedicado às Vanitas. A
ideia da morte, da vanidade da vida, da arte, da beleza, representadas por
diversos artistas de diferentes modos, mas sempre com uma tríade de elementos
comuns: a caveira, a ampulheta (tempo), o livro.
Sem
nos darmos conta passamos mais duma hora a admirar aqueles belos exemplares da
coleção de Franco Maria Ricci. Terminámos na Biblioteca do Museu, excecionalmente
aberta para esta exposição. E o motivo era de todo justificado. Lá encontrámos
duas preciosidades da coleção de FMR: a famosíssima “Encyclopédie” francesa de
Denis Diderot e Jean Rond d’Alembert (1751-72) e a Bíblia tipográfica de
Giambattista Baboni. Ambas foram reimpressas por Franco Maria Ricci, o que atesta
a sua condição de grande editor há mais de cinquenta anos. É na Biblioteca do
MNAA que podemos igualmente admirar algumas capas da extraordinária revistsa de
arte FMR, ciada e editada por Ricci para mostrar obras-primas muitas vezes
curiosas ainda que muito pouco conhecidas.
Até 12
de abril a coleção de Franco Maria Ricci estará patente no Museu Nacional de
Arte Antiga, em Lisboa, depois só visitando Parma, onde Franco Maria Ricci
plantou um extraordinário laribirinto de dois mil bambus e no seu interior
mandou instalar um museu que albergará toda a sua coleção. Abre em maio e
espera o regresso destas preciosidades que por agora esperam os vossos olhos,
em Lisboa.
Gabriel Vilas Boas
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