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quinta-feira, 19 de março de 2015

EXPOSIÇÃO FMR (FRANCO MARIA RICCI)


No fim-de-semana passado estive em Lisboa, onde, entre outras coisas, visitei a exposição Franco Maria Ricci, patente no Museu Nacional de Arte Antiga.
Trata-se duma exposição de enorme qualidade, onde é possível apreciar mais duma centena de peças de escultura e pintura, do século XVI ao século XX, que nos conduzem numa encantadora viagem pela arte da representação humana.


O reputadíssimo colecionador de arte, bibliógrafo, designer e editor, Franco Maria Ricci trouxe a Lisboa cerca dum quarto da sua heterogénea e heterodoxa coleção de arte, para o público português admirar cuidadosamente. Foi o que fiz! Guiado por uma simpática guia do museu que soube suscitar a nossa curiosidade do mesmo modo que permitiu uma interação muito enriquecedora.
A exposição está dividida em dez núcleos temáticos, sendo os mais interessantes aqueles que são dedicados ao classicismo, neoclassicismo e maneirismo. No entanto, a grande atração desta exposição é uma extraordinária escultura do papa Clemente X feito pelo mais famoso escultor do Barroco romano: Bernini. A escultura em mármore transmite toda a serenidade e sabedoria do Papa Clemente X, com quem Bernini teve uma zanga pública, mas que terminou depois de Bernini ter esculpido a sua obra-prima. Aliás é a primeira vez que o público português tem a oportunidade de ver uma obra de Bernini em Portugal.
Mas nem só de Bernini vive a exposição dedicada à coleção de Franco Maria Ricci. No Museodemos encontrar a “Beatriz” de Canova, “Cristo abençoado” de Fillippo Mazzola, ou o “Retrato de Marie Madeleine de Vignerod – duquesa de Aiguillon”, de Jacopo Ligozzi e Phillippe de Champaigne.


Um núcleo que me chamou particularmente à atenção foi o dedicado às Vanitas. A ideia da morte, da vanidade da vida, da arte, da beleza, representadas por diversos artistas de diferentes modos, mas sempre com uma tríade de elementos comuns: a caveira, a ampulheta (tempo), o livro.  

Sem nos darmos conta passamos mais duma hora a admirar aqueles belos exemplares da coleção de Franco Maria Ricci. Terminámos na Biblioteca do Museu, excecionalmente aberta para esta exposição. E o motivo era de todo justificado. Lá encontrámos duas preciosidades da coleção de FMR: a famosíssima “Encyclopédie” francesa de Denis Diderot e Jean Rond d’Alembert (1751-72) e a Bíblia tipográfica de Giambattista Baboni. Ambas foram reimpressas por Franco Maria Ricci, o que atesta a sua condição de grande editor há mais de cinquenta anos. É na Biblioteca do MNAA que podemos igualmente admirar algumas capas da extraordinária revistsa de arte FMR, ciada e editada por Ricci para mostrar obras-primas muitas vezes curiosas ainda que muito pouco conhecidas.

Até 12 de abril a coleção de Franco Maria Ricci estará patente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, depois só visitando Parma, onde Franco Maria Ricci plantou um extraordinário laribirinto de dois mil bambus e no seu interior mandou instalar um museu que albergará toda a sua coleção. Abre em maio e espera o regresso destas preciosidades que por agora esperam os vossos olhos, em Lisboa.  
Gabriel Vilas Boas

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