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segunda-feira, 23 de março de 2015

AO SOM DOS... MADREDEUS


Durante os anos 90, os Madredeus dominaram o panorama musical português, produzindo uma música inovadora e surpreendente, capaz de unir gerações de fãs.
O grupo fundado por Pedro Ayres Magalhães e Rodrigo Leão demorou dois anos a encontrar a voz perfeita para um projeto superior, mas a busca foi recompensada e Teresa Salgueiro entrou para o grupo que ainda não tinha nome, mas já contava com Fernando Ribeiro e Gabriel Gomes.
Do primeiro álbum haveria de sair o nome do grupo e do segundo, “Existir”, o primeiro grande êxito da banda: Pastor.
Mas o que tinha este grupo de tão especial e que o distinguia dos restantes? Em primeiro lugar, grandes músicos como era o caso de Pedro Ayres Magalhães e Rodrigo Leão; em segundo lugar, uma vocalista com uma voz única e extraordinária; e em terceiro lugar uma conceção musical inovadora em Portugal, pois juntava à música popular contemporânea influências da música tradicional portuguesa e influências da música erudita.

Os portugueses reviam-se nas músicas do grupo, pois a guitarra de Pedro Ayres  Magalhães trazia uma espécie de código genético lusitano enquanto a voz de Teresa Salgueiro acrescentava o glamour da música clássica, que dava à música produzida pelo grupo um toque de classe que muito agradava aos seus fãs.
A fama do grupo foi crescendo tanto em Portugal como no estrangeiro, especialmente na Europa, onde o grupo deu variadíssimos concertos, sempre muito elogiados pela crítica e pelo público estrangeiro. Atento e deliciado pela música produzida pelos Madredeus, o cineasta Wim Wnders, um apaixonado por Portugal e por Lisboa, convidou-os a musicarem o seu Lisbon Story. Nessa altura (1995), o grupo atingia o seu auge criativo e o país rendia-se à sua bela sonoridade. O álbum “O Espírito da Paz” afirma o grupo definitivamente como uma referência incontornável da música portuguesa.

No entanto, nem tudo corria às mil maravilhas entre os membros do grupo. Depois de 1995 saem Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Francisco Ribeiro e entram Carlos Maria Trindade, José Peixoto e Fernando Júdice. Permanecem Teresa Salgueiro e Pedro Ayres Magalhães que passam a ser a cara do grupo. Em 1997 sai “O Paraíso” de que faz parte a melhor canção dos Madredeus: Haja O Que Houver, o hino que Teresa Salgueiro interpretou com José Carreras na abertura da Expo 98, em Lisboa, numa momento inolvidável que milhões de portugueses jamais esquecerão.
Do álbum fazem ainda parte outras belas canções, entre as coisas destaco uma de que gosto particularmente, “Coisas Pequenas”.
A chegada do novo milénio trouxe novas apostas do grupo: “Movimento”, “Um Amor Infinito” e “Faluas do Tejo”, num tributo lindo a Lisboa.
Depois o grupo resolveu fazer uma paragem e Teresa Salgueiro já não voltou. Outros músicos reuniram-se em volta de Pedro Ayres Magalhães, mas o espírito dos Madredeus tinha findado. Hoje resta a memória dum grupo fabuloso que marcou a música portuguesa na última década do século passado.
Há memórias tão saborosas que pensamos e desejamos resgatar quando a tristeza nos consome. Infelizmente elas já não estão disponíveis. 

Gabriel Vilas Boas

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