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segunda-feira, 2 de março de 2015

AO SOM DE... MARTINHO DA VILA


O Rio de Janeiro comemorou ontem, 1 de março, 450 anos. É difícil uma cidade saber com tal rigor o dia da sua fundação, mas o Rio de Janeiro sabe e celebrou a data com toda a pompa e circunstância. 

Martinho da Vila é um carioca de alma e coração. Nascido em Duas Barras, cidade do Estado do Rio de Janeiro, mudou-se para o Rio aos 4 anos e aí trabalhou e se inspirou para criar a sua obra. Nasceu Martinho, mas não da Vila, antes Ferreira, só que a partir de 1965, a sua dedicação à Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, levou a que fosse conhecido como Martinho o da Vila e assim surgiu o nome pelo qual é conhecido em todo o lado – Martinho da Vila.

Na quinta-feira passada, participando numa das mesas do festival literário Correntes d´ Escritas, realizado na Póvoa de Varzim, estava Martinho da Vila falando de literatura e da forma como chegou até ela. Foi pela necessidade de compor um samba-enredo para a Unidos de Vila Isabel, que o cantor e compositor conheceu a obra de Machado de Assis, já que o tema a desenvolver para o desfile nesse ano era precisamente a vida e obra deste escritor. Seguiu-se Carlos Drummond de Andrade e Martinho da Vila interessou-se por poesia a partir da leitura da obra do poeta. E assim, a literatura entrou na vida do músico.

Desde 1986, Martinho da Vila publicou 13 livros e desde dezembro de 2014, ocupa a cadeira número 6 da Academia Carioca de Letras. Da sua obra constam romances, literatura infantil, literatura musical, ficção e uma autobiografia. Aborda várias temáticas, mas por norma o samba e o carnaval de uma maneira ou de outra estão sempre presentes. 

Tal como na quinta-feira passada em que Martinho da Vila, a pedido do moderador da mesa cantou a capella: «Canta, canta, minha gente…» aqui fica este canto de esperança «…que a vida vai melhorar».

Canta, canta minha gente
Deixa a tristeza pra lá
Canta forte, canta alto
Que a vida vai melhorar

Cantem o samba de roda
O samba-canção e o samba rasgado
Cantem o samba de breque
O samba moderno e o samba quadrado
Cantem ciranda e frevo
O coco, maxixe, baião e xaxado
Mas não cantem essa moça bonita
Porque ela está com o marido do lado

Canta, canta minha gente
Deixa tristeza pra lá
Canta forte, canta alto
Que vida vai melhorar

Quem canta seus males espanta
Lá em cima do morro ou sambando no asfalto
Eu canto o samba-enredo
Um sambinha lento ou um partido alto
Há muito tempo não ouço
O tal do samba sincopado
Só não dá pra cantar mesmo
É vendo o sol nascer quadrado

Canta, canta minha gente
Deixa a tristeza pra lá
Canta forte, canta alto
Que a vida vai melhorar





Margarida Assis

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