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quinta-feira, 12 de março de 2015

DA ARTE, DA PINTURA, DE MUSEUS IMPERDÍVEIS


“A arquitetura de Gonçalo Byrne, feita de rigor e silêncio, é repousante mas vivida, exatamente pelo uso criativo das aberturas voltadas ao exterior ou que ligam espaços internos.” Ana Alcoforado





O Museu Nacional Machado de Castro é um dos mais imperdíveis museus portugueses. Classificado como Monumento Nacional em 1910, é desde 1911, data da sua criação,que este espaço único de cultura que ocupa diversos edifícios interligados entre si, é o verdadeiro coração da cidade, a atrair inúmeros visitantes a quem presenteia com um conjunto patrimonial ímpar no domínio da pintura, da escultura e da ourivesaria.
No seu embasamento, o magnífico criptopórtico Claudiano, um dos mais interessantes e bem conservados exemplares da arquitetura civil romana existente em território português e um dos mais importantes criptopórticos da Europa.





Este espaço urbano foi sofrendo alterações ao longo das diferentes épocas, alterações que o transformaram quase em definitivo, dando lugar a um conjunto arquitetónico de inegável interesse patrimonial. Mas aguardava-o ainda mestria superior; mão de arquiteto, experienciada, talentosa, que desse voz às pedras intemporais, que o inundasse de luz e penumbras indiscretas, que chamasse para si a cidade, por janelas propositadas, determinadas em possuir a rua, o casario, a torre lanterna mais atrevida, o rio indolente que serpenteia lá longe…
O concurso público, em 2000, trouxe Gonçalo Byrne para os braços de um difícil mas excitante desafio que seria a intervenção arquitetónica naquela “complexidade de preexistências”ainda confusas e urgentes de restauro.
Segundo Ana Alcoforado, a diretora do MNMC e a amiga que me povoa memórias de um tempo que já lá vai mas que persiste, "… a capacidade para aceitar o eventual desafio de rever ideias e abandonar soluções, - mesmo as mais acarinhadas-em função de novos dados, aparecia assim como condição inerente ao trabalho do projetista. Gonçalo Byrne,o arquiteto vencedor do concurso, revelou desde os primeiros contactos, possuir essa disponibilidade, considerando-a imprescindível para entender cabalmente as diversas contemporaneidades em presença e salvaguardar o que merecesse ser conservado, procedendo à eliminação cautelosa de tudo o que era espúrio.”




Alcoforado, a Diretora do Museu, acarinhou e acompanhou todo o projeto, numa simbiose a três (tutela, direção do museu e claro, projetista) o que permitiu a excelência do projeto, sempre em diálogo também feminino, construtor de soluções e ajustes às melhores decisões. Não foi, portanto, à toa ,que em 2014, o Piranesi/Prix de Rome foi atribuído a Byrne e ao seu projeto de intervenção no MNMC.
Esta enorme distinção veio contribuir para a promoção e divulgação do património português no Mundo e chamar a atenção para a excelência da nossa arquitetura.
“…o projeto de requalificação do MNMC foi distinguido pela capacidade de harmonizar e articular os seus traços contemporâneos com o registo histórico da zona em que se encontra edificado, funcionando como novo catalisador cultural para o centro histórico da cidade de Coimbra.” Nota de imprensa do Governo

Revisitei o Museu há poucos dias. Gosto de voltar aos sítios que me tocaram por algum motivo. O dia esteve convidativo e posso-vos garantir que a Universidade de Coimbra, a Alta e a Sofia recebem muito bem. No MNMC, a simpatia do costume; a Loggia renascentista, imponente, recebe-nos a sorrir. Sabiam que dá o nome a um restaurante com vista privilegiada sobre a cidade dos estudantes?

Entrar no museu e apreciar a sua coleção é um verdadeiro festim para os sentidos. Dela falarei convosco depois das férias da Páscoa. Basta estarem por aí, desse lado. Espero ter despertado curiosidades, com esta amostra da obra de Hodart. Fiquem bem.


Rosa Maria Fonseca

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