Os irmãos Lumière foram uma das ideias mais luminosas que a humanidade produziu.
O sonho das suas vidas –
o cinema – tornou-se numa das realidades mais fantásticas da era moderna. Foi
há cento e vinte anos que exibiram o primeiro projeção de algo tão rudimentar
que até custa chamar cinema. Mas a verdade é que o cinema começou nesse
instante do dia 22 de março de 1895.
De então para cá o cinema
ascendeu ao Olimpo das artes, atraindo a beleza, o poder, a arte de
representar, os pensadores e os técnicos, num esforço extraordinário de nos
entreter, comover, inquietar, divertir, chocar… fazer viver através da tela.
Talvez os irmãos
Lumière nunca tenham chegado a ter a consciência da revolução social que
começaram, mas é inequívoca a importância do cinema na transformação do modo
como nos divertimos.
Rapidamente o cinema
tornou-se no maior divertimento popular, um pouco por todo o mundo, atraindo
pela sua espetacularidade, pela ação e pela inovação tecnológica.
O grande ecrã tinha
(ainda tem) o magnetismo sobrenatural que reúne gerações e sensibilidades tão
diferentes num mesmo espaço para ouvir e, sobretudo, ver contar histórias.
À sua volta cresceram
economias, fizeram-se ídolos, mitos, fortunas, carreiras, estilos, símbolos…
Há tantas histórias de
vida que começaram numa sala de cinema, tantos amores e desamores inspirados
num filme inesquecível, num desempenho notável, num argumento memorável.
Depois de doze décadas
de evolução, temos de aceitar que a criação dos irmãos Lumière revolucionou-nos
a vida, tornando-a mais glamourosa.
É o cinema que nos dá o
pretexto ideal para o encontro desejado. Outras vezes é ele a companhia das
horas mortas, o amparo da solidão, a fonte que nos inspira ou dá coragem, o
paraíso onde o corpo e a mente se deleitam depois de dias intensos de trabalho.
Como qualquer arte o
cinema vive dos artistas. Jamais o cinema atingiria a importância social e
cultural de que goza senão tivesse atores a atrizes talentosos nem realizadores
geniais. No entanto é o público que os transforma em ídolos, outorgando ao
cinema uma importância fora do comum.
O público consagra
filmes, atores, realizadores e, querendo ou não, também os molda.
O mundo do cinema já
percebeu que o seu público é caprichoso e gosta que lhe satisfaçam os desejos.
Acho uma subversão perigosa. A grande força do cinema sempre esteve na arte de
surpreender, inovar, criar. Ver apenas aquilo que queremos rapidamente se tornará
fastidioso.
Amo o cinema que me
inquieta ou me diverte, mas sobretudo quero que me espante. Não precisa de me
dar aquilo que supostamente eu quero ver porque quero gostar dele como se gosta das
coisas eternas.
Gabriel Vilas Boas
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