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domingo, 22 de março de 2015

LUMIÈRE, CÂMARA, AÇÃO


Os irmãos Lumière foram uma das ideias mais luminosas que a humanidade produziu.
O sonho das suas vidas – o cinema – tornou-se numa das realidades mais fantásticas da era moderna. Foi há cento e vinte anos que exibiram o primeiro projeção de algo tão rudimentar que até custa chamar cinema. Mas a verdade é que o cinema começou nesse instante do dia 22 de março de 1895.
De então para cá o cinema ascendeu ao Olimpo das artes, atraindo a beleza, o poder, a arte de representar, os pensadores e os técnicos, num esforço extraordinário de nos entreter, comover, inquietar, divertir, chocar… fazer viver através da tela.
Talvez os irmãos Lumière nunca tenham chegado a ter a consciência da revolução social que começaram, mas é inequívoca a importância do cinema na transformação do modo como nos divertimos.

Rapidamente o cinema tornou-se no maior divertimento popular, um pouco por todo o mundo, atraindo pela sua espetacularidade, pela ação e pela inovação tecnológica.
O grande ecrã tinha (ainda tem) o magnetismo sobrenatural que reúne gerações e sensibilidades tão diferentes num mesmo espaço para ouvir e, sobretudo, ver contar histórias.
À sua volta cresceram economias, fizeram-se ídolos, mitos, fortunas, carreiras, estilos, símbolos…
Há tantas histórias de vida que começaram numa sala de cinema, tantos amores e desamores inspirados num filme inesquecível, num desempenho notável, num argumento memorável.
Depois de doze décadas de evolução, temos de aceitar que a criação dos irmãos Lumière revolucionou-nos a vida, tornando-a mais glamourosa.

É o cinema que nos dá o pretexto ideal para o encontro desejado. Outras vezes é ele a companhia das horas mortas, o amparo da solidão, a fonte que nos inspira ou dá coragem, o paraíso onde o corpo e a mente se deleitam depois de dias intensos de trabalho.
Como qualquer arte o cinema vive dos artistas. Jamais o cinema atingiria a importância social e cultural de que goza senão tivesse atores a atrizes talentosos nem realizadores geniais. No entanto é o público que os transforma em ídolos, outorgando ao cinema uma importância fora do comum.
O público consagra filmes, atores, realizadores e, querendo ou não, também os molda.
O mundo do cinema já percebeu que o seu público é caprichoso e gosta que lhe satisfaçam os desejos. Acho uma subversão perigosa. A grande força do cinema sempre esteve na arte de surpreender, inovar, criar. Ver apenas aquilo que queremos rapidamente se tornará fastidioso.

Amo o cinema que me inquieta ou me diverte, mas sobretudo quero que me espante. Não precisa de me dar aquilo que supostamente eu quero ver porque quero gostar dele como se gosta das coisas eternas.
Gabriel Vilas Boas

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