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quarta-feira, 25 de março de 2015

A LUTA PELO DIREITO DE VOTO


A História não é só feita de guerras, cataclismos naturais, decisões históricas, acasos célebres que mudam o rumo da vida coletiva de milhões de pessoas. Os discursos, a arte de convencer através da palavra, sempre tiveram um lugar de destaque na galeria dos momentos decisivos que mudaram o curso à História. Há precisamente cinquenta anos, Martin Luther King produziu um desses momentos, no Alabama, EUA.
O discurso de Martin Luther King, Jr, dirigido aos manifestantes em prol dos direitos cívicos foi escutado por milhares de pessoas que haviam marchado desde Selma, Alabama, para a capital do Estado, Montgomery, exigindo que os afro-americanos pudessem exercer o seu direito legal de voto.

Os protestos duravam havia três semanas, mas tinham esbarrado na obstrução das autoridades do Alabama. Na primeira marcha, a 7 de março de 1965, os manifestantes foram atacados pela polícia estadual com bastões e gás lacrimogénio. Uma segunda marcha, uns dias depois, foi impedida por ordem do tribunal, mas passada uma semana, o direito a marchar foi confirmado por um juiz federal e entre 21 e 25 de março, os manifestantes conseguiram organizar a sua marcha. Cinco meses mais tarde, o presidente Lyndon B. Johnson promulgou a Lei do Direito de Voto para garantir o registo nacional de eleitores independentemente da cor de pele.
Mas o melhor, talvez seja recordar parte desse famoso discurso de Martin Luther King.


“No domingo passado, mais de oito mil de nós iniciaram uma marcha pujante, em Selma, Alabama. Atravessamos vales desolados e transpusemos montes penosos. (…)
Sei que perguntam hoje: «Quanto tempo irá demorar?» 

Alguém pergunta: «Durante quanto tempo é que o preconceito cegará os homens, turvará o seu discernimento e afastará a sabedoria inteligente do seu trono sagrado?» Alguém pergunta: «Como é que a justiça ferida que jaz prostrada nas ruas de Selma e Birmingham e nas comunidades do sul, sairá desta vergonha humilhante e reinará, suprema, entre os filhos dos homens?» Alguém pergunta: «Quando é a que a irradiante estrela da esperança mergulhará no seio noturno desta noite solitária, arrancada das almas exaustas com correntes de medo e algemas de morte? Durante quanto tempo será a justiça crucificada, com a verdade a suportá-la?»

Venho dizer-vos, esta tarde, que, por muito difícil que seja o momento, por muito frustrante que seja a hora, ela não se fará esperar porque a «verdade esmagada no chão renascerá.» Durante quanto tempo? Não muito, porque «nenhuma mentira pode durar sempre». Durante quanto tempo? Não muito, porque «colheis o que semeais». Durante quanto tempo? Não muito, porque o arco do universo moral é longo, mas inclina-se para a justiça.”  
Martin Luther King, 25-03-1965

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