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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

DIA MUNDIAL DA PAZ


Nasci num país e num continente onde a paz, tal como a liberdade, é um valor pouco considerado, porque sempre o tivemos como adquirido e nunca o perdemos.
Todavia, é inquestionável que a paz é um valor essencial de qualquer sociedade. A partir dele, cada povo pode construir as suas opções de desenvolvimento e cada indivíduo define a sua evolução pessoal.
O facto de não “discutirmos” a Paz é bom e é mau. Bom porque se tornou num dogma de muitas sociedades modernas; mau porque não se discute a sua qualidade e deixou de se lutar pela sua conquista nas zonas o mundo onde ainda é uma miragem.
Eu não gosto deste conceito de paz mínima!



A paz é um valor tão extraordinário que não podemos encolher os ombros quando milhões de pessoas não a abraçam há décadas e há gerações inteiras que jamais sentiram o seu perfume.
A verdadeira paz é muito mais que a ausência de guerra. Os poetas dizem que ela mora num reino chamado “consciência” e acho que é aí que a podemos encontrar no seu estado mais puro.
Se “a nossa paz” habita um condomínio com o mesmo nome, há de ter momentos de verdadeira angústia, porque é impossível haver paz onde existe desigualdade, injustiça, discriminação, falta de oportunidades, usurpação de recursos. Não concebo uma paz dos pequeninos e dos medíocres.
Quero uma paz onde não exista estratificação por género, cor, credo, convicção, mas antes respeito pela diferença. Sei perfeitamente que é uma paz difícil de alcançar, mas não é uma ideia utópica. Algumas sociedades aproximaram-se muito deste conceito de pacifismo.



Alcançar este estádio é uma luta constante que exige muito de cada um e ainda mais dos povos. É preciso reaprender a viver, melhorar o nível de educação, saber ouvir, descer a taxa de arrogância e trabalhar muitíssimo para que muitos outros alcancem aquilo que nós nunca deixámos de ter. Talvez melhorando a qualidade da paz em que nadamos possamos criar o oásis onde outros possam ir matar a sua sede.

Gabriel Vilas Boas 

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