É a
casa da democracia portuguesa! O Palácio de S. Bento, nome familiar à
generalidade dos portugueses, começou por ser conhecido por Palácio das Cortes, mas
as suas raízes são eclesiásticas, pois o sítio onde hoje se fazem, discutem e aprovam
leis, foi Convento de S. Bento.
A
nossa atual Assembleia da República fica na Lapa, freguesia lisboeta onde
alguma elite vive, e começou a ser construída no século XVI, mas só ficou com
as formas atuais no… século XX!
Trata-se
duma arquitetura maneirista e barroca, cujas origens remontam a 1598, data da
fundação e início da construção de um convento da Ordem de S. Bento.
Em
1757, por causa do terramoto de 1755, o arquivo nacional mudou-se para o
Palácio das Cortes e aquilo que estava na torre do Tombo passou a ficar preso
na Lapa. Já no século XIX (1834), por decreto de D. Pedro IV, as Cortes (Câmara
dos Pares e dos Deputados) passaram a funcionar no edifício do antigo Convento de S. Bento da Saúde, entretanto desocupado pela extinção das ordens
religiosas.
Em 1895, um violento incêndio
destruiu a Câmara dos Deputados, tendo os parlamentares sido instalados na
Academia das Ciências e regressado a S. Bento sete anos mais tarde.
Mas
que edifício é este que tanto impressiona pela sua imponência quem o vê de fora
e o visita por dentro?
O
Palácio de S. Bento tem planta quadrangular, de volumetria cúbica, com
cobertura efetuada por telhados a duas e três águas. O edifício apresenta-se
estruturado em quatro andares, ritmado por pilastras e janelas, sendo as do
último piso em sacada com balaústres, exibindo alternadamente frontões
angulares e curvos.
A
sul, podemos observar o alçado principal que se organiza em três corpos,
destacando-se, obviamente, o corpo central, ao qual se acede por escadaria
monumental, bem conhecida de muitos manifestantes… Nessa imponente escadaria é
impossível não deslizar o nosso olhar para as quatro estátuas sobre pedestal e
cinco arcos de volta perfeita em cantaria.
Num
segundo nível destaca-se uma colunata rematada por frontão triangular, ornado
com baixo-relevo. A galeria, donde muitos portugueses se manifestam até serem
expulsos, exibe tetos em caixotões de estuque e expressivas pilastras rematadas
por capitéis coríntios, a intercalar cinco janelas tripartidas com bandeira
segmentar e com emolduramento superior em arquivoltas, sobrepujado por friso
ornamentado e painéis.
Os
corpos laterais, em simetria, apresentam piso parcialmente enterrado e a
acompanhar o declive do terreno, com cantaria aparelhada em almofada e pequenas
quadrangulares emparelhadas.
Nos
dois pisos seguintes, ao mesmo nível que o piso térreo do corpo central,
observam-se dois níveis de janelas de peito, todas com bandeira. Separado por
cornija, o último andar, apresenta janelas no alinhamento das inferiores, destacando-se
as janelas dos extremos dos corpos laterais, sendo as do exterior com bandeira
segmentar em arquivoltas, e as do interior com bandeira retangular.
Os
alçados laterais apresentam o mesmo tipo de estruturação usada nos corpos
laterais da fachada principal, mas com algumas variações, como a existência de
diferentes sequências ao nível da disposição dos frontões nas janelas do piso
superior.
No
último andar, destaca-se a porta principal, delimitada por colunas rematadas por
frontão triangular, “embutida” num arco em asa de cesto, que nos conduz a um átrio
com escadaria de honra ao piso da galeria.
No
interior, sobressaem a Sala das Sessões da Câmara dos Deputados e ainda a Sala
dos Passos Perdidos, a antiga Sala do Senado, o Salão Nobre e o Museu Histórico-bibliográfico.
Este
é um palácio de visita obrigatória, pela beleza arquitetónica, pela história a
ele associada e, sobretudo, pelo simbolismo que encerra.
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