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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

INDIRA GANDHI


Passam hoje trinta anos e quatro desde que Indira Gandhi iniciou o segundo mandato à frente do governo da Índia, no qual se manteria até ao dia em que foi assassinada.
Indira é seguramente a mulher mais importante da História da Índia. A par de seu pai, Nehru, e de Mahatma Gandhi, faz parte da “sagrada família” dum dos povos mais numerosos do mundo.
Indira não tinha a grandiosidade moral de Gandhi nem a astúcia política do pai, mas política e ação corriam-lhe nas veias duma forma intensa.
Amada pelo seu povo, que a recorda como uma mãe, provou que merecia governar por mérito e não por herança. No entanto, o governo da Índia coube-lhe enquanto herança política do pai e ela não a rejeitou… mas governou “à sua maneira”.



Desde 1966, governou a democracia mais populosa do mundo, com mais de 500 milhões de pessoas que maioritariamente viviam na pobreza. E Indira não virou a cara a nenhum desafio, nem que para isso tivesse de quebrar tabus, privilégios de castas, fazer acordos com deus e com o diabo. Ela era uma mulher de luta, de ação, para quem os fins justificavam alguns métodos menos ortodoxos.
Nacionalizou bancos, iniciou o programa nuclear indiano, acabou com pagamentos indevidos a grupos sociais e étnicos privilegiados, lançou a revolução verde que tornou a Índia autossuficiente, quanto aos cereais, e terminou como milhões de casos de morte por causa da fome que tanto a afligia.

Em termos políticos, Indira era dura. Manteve com o Paquistão uma guerra de que saiu vitoriosa, pois o apoio da Índia fez nascer o Bangladesh, a partir de território paquistanês.
Foi uma lutadora feroz. Governou durante onze anos, perdeu as eleições de 1977, mas voltou a ganhar em 1980. Sucumbiria apenas perante a traição dos seus guarda-costas que permitiram que fosse assassinada a 31 de outubro de 1984.
Nem sempre as atitudes políticas de Indira foram louváveis. Esteve particularmente mal quando instituiu o estado de emergência, perante acusações de fraude eleitoral. Nesse tempo, Indira reduziu as liberdades civis, perseguiu a oposição, cortou a eletricidade aos jornais que lhe eram hostis, fez aprovar leis especiais sem permitir grande discussão...
No entanto, devemos olhar para a seu legado como um todo e o saldo, a meu ver, é muito positivo. Melhorou a vida dos milhões de pobres, governando para eles e com eles, impôs-se externamente e afirmou, definitivamente, a Índia como uma potência mundial.


Gabriel Vilas Boas

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