Visitar Florença é por si só uma experiência cultural única, mas sair de lá sem ver o tesouro que os Medici deixaram ao mundo é como caminhar de olhos vendados sobre a beleza do mundo.
A
GALLERIA DEGLI UFIZZI alberga desde 1973, parte da coleção de autorretratos de
pintores (a maior no mundo no seu género), juntamente com uma série de quadros
de Caravaggio.
A
sugestão oferecida pela arquitetura acompanha o visitante dos Ofícios ao longo de todo o percurso,
fazendo deste um museu único no mundo. Passeando no extraordinário miradoiro
sobrelevado, que atravessa Florença no seu mais genuíno centro, fica-se com a
impressão de se estar num espaço não fechado, mas antes concebido como uma
estrutura aberta, capaz de criar um equilíbrio perfeito entre a beleza
artística, arquitetónica e paisagística.
A
história dos Ofícios é a mesma
história do colecionismo dos Medici e dos reinantes que os sucederam, os Lorena.
A Galeria conserva ainda hoje
intacto, apesar das alterações e acrescentos, o seu carácter único de síntese
das vicissitudes políticas, dos enredos familiares e das preferências
culturais, de um poder que, através de duas dinastia, e de dois séculos de
existência, marcou profundamente a identidade da civilização florentina e
toscana.
Enriquecido,
no decurso dos tempos, por dotes, heranças, permutas e campanhas maciças de
aquisições, o museu foi-se qualificando progressivamente como galeria de
pintura. De facto, entre setecentos e oitocentos, os principais núcleos de
objetos de natureza não pictórica foram-se transferindo para outros locais,
dando origem a novos museus.
Os Ofícios apresentam-se hoje, portanto,
como uma das maiores coleções de pintura italiana e europeia, do século XII ao
XVII, não deixando, por isso, de acolher preciosíssimas coleções de outro tipo,
espelho do interesse de vários membros das casas reinantes da Toscana:
miniaturas, estátuas antigas, autorretratos de figuras ilustres, desenhos e
estampas. A viagem através dos Ofícios constitui,
para qualquer pessoa uma inestimável experiência estética e cultural.
Percorrendo
as salas que se sucedem ao longo dos dois braços opostos do edifício, unidos
sobre o Arno, podem admirar-se segundo critério cronológico e de divisão por
escalas, obras que vão de Cimabué a Giotto e Botticelli, de Simoni Martini a
Masaccio, de Piero della Francesca a Dürer,de Miguel Ângelo a Pantormo, de Tiziano
a Caravaggio e a Rembrandt.
Aos
Medici é tributada a gratidão dos visitantes dos dias de hoje, que lhes reconhecem
não apenas a qualidade e a inteligência das opções em matéria de colecionismo,
como também o sábio alcance da decisão de Anna Maria Luísa, Eleitora Platina e
última representante da dinastia, a qual, em 1737, legou perpetuamente à cidade
de Florença, “para ornamento do Estado, para a utilidade do público e para
atrair a curiosidade dos forasteiros”, tudo quanto hoje se conversa no interior
da Galeria e de muitos outros museus
estatais florentinos.
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