BOYHOOD é um dos melhores filmes de 2014. A completar o seu ciclo de vida nas nossas salas de cinema, sairá de cena em breve, sem que muitos de nós o tenham visto, o que é uma pena.
Fui vê-lo ontem e não defraudou em nada as minhas expectativas. São 166 minutos de que não são longos, “apenas” tocantes. O filme não nos diverte nem nos distrai, antes nos interroga sobre o que somos, como fomos construindo a nossa personalidade, neste tempo de relações interrompidas, de vidas construídas ao sabor das circunstâncias.
O filme trata do período da vida a que afetivamente estamos mais ligados – dos seis aos dezoito anos –, quer como protagonistas quer como co-pilotos, aos pais.
O realizador e argumentista, Richard Linklater, filmou durante doze anos (!!!) o crescimento de Mason (Ellar Contrane), um rapaz sensível e calado, que acorda para a crueldade do mundo e das relações humanos aos seis anos e acaba o filme na Universidade, depois da câmara de Linklater ter acompanhado todas as suas transformações físicas, psicológicas, afetivas e familiares.
A década mais marcante da vida de cada um de nós, aquela de que nos lembramos até ao mais ínfimo pormenor e onde todas as ações e intenções contam, está retratada neste filme de forma tão despretensiosa quanto brilhante.
Através dum argumento sem artifícios, que mostra a vida como ela é, Richard Linklater enaltece os pequenos momentos da vida que valem a pena, aqueles que marcam a diferença na história de cada um.
O crescimento de Mason é acompanhado em “tempo real” e durante quase três horas de película vivemos as controvérsias familiares, os casamentos instáveis dos pais, as novas escolas que lhe impunham, os tempos extraordinários e os assustadores, as espectativas e os desgostos, os dramas dos pais separados que tentaram sempre amá-lo e ampará-lo no meio de todas as suas incoerências e derrotas.
É impossível não ver ali um pouco da história afetiva e emocional da nossa geração. Reconhecemo-nos e àqueles que nos são próximos em muitos dos filme que nos magoam a alma com uma mão e nos acariciam o coração com a outra.
Se a voz dos espectadores e da crítica forem suficientemente audíveis, a noite dos óscares terá de incluir a palavra BOYHOOD.
Gabriel Vilas Boas
Gabriel Vilas Boas
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