A dança é a celebração da vida desde sua origem, é a manifestação dos sentidos através do corpo. Através dela desenhamos no espaço os sentimentos que nos enchem a alma e o coração.
Adoro ver uma bailarina dançar, coreografar a sua poesia feita de sensualidade, leveza e força que enche os nossos olhos duma beleza única.
A história da dança faz-se de grandes bailarinas e bailarinos que trouxeram a esta arte cénica inovação, técnica, beleza e sensualidade. Isadora Duncan é um desses casos.
Leve e etérea dançou como nenhuma outra e rompeu preconceitos na arte em que era exímia.
Vestia-se com uma túnica transparente, braços, pés e pernas nus e com um longo cabelo solto. O público admirava-a, embora nem todos tenham percebido por que é que esta bela e talentosa mulher dançava temas baseados em figuras de Boticelli.
Da sua dança libertavam-se emoções internas. Como ela costumava dizer não era o corpo que dançava mas a sua essência, a alma.
Isadora Duncan foi pioneira da dança moderna e revolucionou a dança no século XX, ao ignorar todas as técnicas do ballet clássico. Ela ousou dançar com os pés descalços usando túnicas vaporosas e utilizando cenários simples.
Isadora inspirava-se nas figuras das dançarinas dos vasos gregos expostos no Louvre. Ela criou uma dança inspirada nos movimentos da natureza como o vento, plantas e animais. Corria pelo palco como uma bacante da mitologia grega, evocando o espírito dionisíaco. Outro ponto forte na sua dança é que Isadora utilizava músicas até então apreciadas apenas pela audição, dançando ao som de Chopin, Beethoven e Wagner.
A sua vida teve tanto de inovação artística como a sua morte de absurdo. Desapareceu num acidente em 1927, aos 50 anos, quando uma écharpe, que usava, se enrolou no volante do carro em que seguia. A dança perdeu uma das suas divas mais fascinantes que, com uma mestria estética singular, difundiu como ninguém, até então, o culto do corpo e da beleza do seu movimento.
Gabriel Vilas Boas
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