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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

LUÍS XVI, A GUILHOTINA E OS FRANCESES

  
 A 21 de janeiro de 1793, Luís Bourbon, antigo rei Luís XVI – que perdera o trono de França quando a monarquia fora abolida em setembro do ano anterior -, subiu ao cadafalso e pôs, serenamente, a cabeça debaixo da guilhotina. Depois do golpe fatal, o mais novo dos guardas, um rapaz com cerca de dezoito anos, agarrou imediatamente na cabeça e mostrou-a ao povo, dando a volta ao cadafalso. A princípio fez-se um silêncio terrível, mas por fim alguém gritou «Vive la République». A pouco e pouco, as vozes multiplicaram-se e em menos de dez minutos este grito tornou-se o brado universal da multidão e todos os chapéus se ergueram no ar.
   Este foi o momento culminante de mais de três anos de agitação em França, ou seja, todo o período que se seguiu à revolução francesa.

 A sentença de morte tinha ficado decidida a 9 de dezembro de 1792, dois dias depois de Robespierre ter declarado que «Luís tem de morrer para que o país possa viver». Ainda que à tangente, a Convenção Nacional votou a favor da execução do anterior rei. No cadafalso, Luís recusou ser amarrado e instou os carrascos a cumprirem a ordem que lhes tinha sido dada.
   A execução do antigo rei de França chocou toda a monarquia europeia e poucos anos mais tarde já a França andava em guerra com Espanha, Inglaterra, Holanda, Prússia e Áustria.  A política de terrorismo de Estado levada a cabo por Robespierre, segundo ele para proteger a República, foi das maiores manchas sobre os ideais da revolução francesa.
   Lembrei-me disto, porque duzentos e vinte anos depois a França aparece como a grande guardiã dos valores da tolerância, da liberdade de expressão, da igualdade e da fraternidade.



   Há poucos mais de duzentos anos, Luís XVI tornou a guilhotina a máquina de morte mais conhecida de sempre. Nesses anos loucos, em Paris, foram decapitadas quase 2800 pessoas! Que número assombroso!
   No país da liberdade, dos ideais iluministas, a revolução da igualdade, liberdade e fraternidade fazia-se com decapitações. Calcula-se que entre 1792 e 1799 tenham sido decapitadas mais de quarenta mil pessoas!
  Não há culturas superiores! O que há é culturas com valores diferentes e, desejavelmente, complementares. A arrogância cultural é facilmente desmentida pela História e, caso pretendamos que outros povos atinjam patamares superiores de humanidade, o melhor é investir no exemplo, na colaboração e paciência.

Gabriel Vilas Boas        

1 comentário:

  1. "Lembrei-me disto, porque duzentos e vinte anos depois a França aparece como a grande guardiã dos valores da tolerância, da liberdade de expressão, da igualdade e da fraternidade."
    Veremos. Veremos se a França consegue segurar estes valores superiores.

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