O Nascimento de
Cristo é a temática religiosa que mais inspirou os pintores ao longo dos
séculos. Grandes mestres da pintura retrataram os momentos mais marcantes do
nascimento de Jesus Cristo, produzindo quadros que ajudaram a fazer a história
da arte.
Rembraudt,
Ribera, Strozzi, Tintoretto, El Greco, Murillo, Rubens, Giotto, Caravaggio,
Ghirlandaio têm quadros magníficos e muito belos que focam a temática
natalícia.
Neste dia de
Natal, selecionei três dessas obras para delas “falar”: “A adoração dos
Pastores”, de Tintoretto; “A Adoração dos Reis Magos” de Rubens e a “Sagrada
Família” de Rafael Sanzio.
A tela de
Tintoretto é uma composição grandiosa, onde o pintor veneziano ilustra a homenagem dos mais simples ao Cristo Redentor acabado de nascer. Neste óleo, o pintor renascentista evidencia algumas características
da sua obra: a ilusão de profundidade, dada especialmente ao nível do teto da
humilde cabana onde Cristo nasceu; a valorização do uso da cor, através da
exploração das diversas tonalidades do castanho e, sobretudo, os efeitos da luz
que fazem sobressair as formas dos diversos elementos da cena.
Se Tintoretto
pintou a Adoração dos Pastores a Jesus, de Rubens escolhi a tela que retrata a “Adoração
dos Reis Magos”. Trata-se duma tela de grandes proporções, datada de 1624, em
que o pintor flamengo, mestre da arte barroca, retrata a chegada dos Reis Magos
a Belém para adorar o Deus menino.
À boa maneira
barroca, a distribuição das personagens retratadas segue um sentido diagonal.
Nesta tela podemos observar três sequências diagonais em três planos. Um desses
sentidos vai desde os homens sobre os camelos até um outro homem sobre um cavalo.
Um segundo sentido vai do homem de negro até um dos reis magos com manto
vermelho; e um terceiro sentido diagonal vai desde S. José (lado direito da
tela) até ao rei mago que está de joelhos diante de Jesus.
Neste óleo do
século XVII, devemos ainda notar que S. José parece um pouco “deslocado” nesta
cena da adoração, pois é posto à sombra
por Rubens, em contraste com as outras figuras que estão mais iluminadas.
Também devemos
notar, nesta composição do artista belga, a utilização duma paleta de cores com
tonalidade quentes que é uma das imagens de marca de Rubens.
A minha última
proposta artística do dia é o quadro “Sagrada Família” de Rafael Sanzio, que
atualmente se encontra no Museu do Louvre, em Paris.
Mais uma
composição belíssima, em que o destaque é, obviamente, a figura do Menino e de
Maria. Rafael coloca a sua atenção num menino Jesus mais crescido, que, sorridente, procura o colo de Maria, perante o olhar enlevado doutra criança imediatamente
atrás de si. Este quadro apresenta um lado mais humano da sagrada família, pois
junta-lhe outras figuras, com quem possivelmente confraternizaria
quotidianamente. Mais uma vez, S. José aparece numa posição subalterna.
A tela de Rafael
destaca-se pela diversidade de cores e pela comunicação de estados de alma que
as formas das personagens nos transmitem. Há uma preocupação clara de Sanzio em
revelar a alegria de Cristo, o ar pachorrento de S. José, a satisfação de Maria.
No meu entender, o pintor humanizou estas figuras divinas com esta composição artística.
Nestes três
quadros, que não são mais que uma escolha pessoal, está bem evidente como a
arte homenageou o Natal e com este acontecimento marcou a afirmação artística dos melhores pintores que a humanidade conheceu.
Gabriel Vilas Boas
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