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domingo, 28 de dezembro de 2014

JORGE NUNO PINTO DA COSTA


“O grande amor da minha vida foi mesmo o Futebol Clube do Porto” Pinto da Costa
Jorge Nuno Pinto da Costa completa hoje setenta e sete anos. É o mais extraordinário dirigente desportivo que Portugal teve nos últimos cinquenta anos.
Amado e idolatrado por uns, odiado por outros, Pinto da Costa não deixa ninguém indiferente, muito por causa dos êxitos ímpares a que guindou o seu Futebol Clube do Porto, mas também por causa da sua personalidade polémica, provocadora, sedutora.
A glória do F.C. Porto só não se confunde com a do seu atual presidente porque Pinto da Costa ama tanto o seu clube que a ideia não lhe agrada totalmente. Foi esse amor absoluto que fez com que este dinossauro do desporto português tornasse um simpático clube regional que ganhava muito de vez em quando num potentado internacional, respeitado e temido a nível europeu e mundial.



Com Pinto da Costa como presidente, o F.C. Porto ganhou 58 títulos nacionais e internacionais de futebol, em apenas 32 anos, ou seja, 80 % das suas vitórias em 120 anos de História. Nunca ninguém fez um clube de futebol tão grande, tão vitorioso em tão pouco tempo. E acho que muito dificilmente alguém fará.
Com Pinto da Costa, o Porto clube, o Porto Cidade e a região norte em geral ganharam um motivo de orgulho permanente, que nunca se extinguiu ao longo de três décadas. Infelizmente, Pinto da Costa nem sempre soube ser grande nas vitórias que “tinham de ser quase sempre contra alguém”. Essa é a parte de Pinto da Costa que nunca admirei e, no meu entender, foi determinante para que o clube portuense não se tenha tornado no clube da maioria dos portugueses. Grande dos portugueses não entende o desporto como uma luta de regiões, cidades, clubes, pessoas. Pinto da Costa nunca foi capaz de saltar essa barreira psicológica ou, se calhar, nunca quis, infelizmente!



O papel do presidente do F. C. Porto, fruto da importância das conquistas do clube, foi muito para além do futebol e do desporto. O Porto atingiu e até ultrapassou Benfica e Sporting nas conquistas desportivas em diversas modalidades, tornou-se no clube português como mais êxitos internacionais, destacou-se no mundo dos negócios futebolísticos. O líder azul e branco tornou-se numa figura da sociedade portuguesa e a sua opinião era ouvida e seguida com um fervor nunca visto. Nos últimos anos, a idade tem tornado Pinto da Costa mais suave e a sua intervenção pública tem diminuído.
Infelizmente, a história de Pinto da Costa não é apenas um jardim de belas rosas. O seu percurso teve também alguns espinhos dolorosos, em que a acusação de envolvimento em corrupção desportiva, no conhecido processo “Apito Dourado”, foi o expoente máximo.


Há ainda o colorido dos seus constantes e surpreendentes romances que o fazem muito falado e comentado por uma parte da sociedade que liga pouco ao futebol, mas isso na verdade apenas torna mais sedutora, única e fascinante a personalidade de Jorge Nuno Pinto da Costa que um dia, muito jovem, se apaixonou por um clube de futebol. Essa paixão foi tão louca, tão intensa, tão profunda que todos estamos certos que durará até o velho dragão morrer.

Gabriel Vilas Boas

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