“O grande amor da minha vida foi mesmo o Futebol Clube do Porto” Pinto da Costa
Jorge Nuno Pinto da Costa completa hoje setenta e sete anos. É o mais
extraordinário dirigente desportivo que Portugal teve nos últimos cinquenta
anos.
Amado e idolatrado por uns, odiado por outros, Pinto da Costa não deixa
ninguém indiferente, muito por causa dos êxitos ímpares
a que guindou o seu Futebol Clube do Porto, mas também por causa da sua
personalidade polémica, provocadora, sedutora.
A glória do F.C. Porto só não se confunde com a do seu atual presidente
porque Pinto da Costa ama tanto o seu clube que a ideia não lhe agrada
totalmente. Foi esse amor absoluto que fez com que este dinossauro do desporto
português tornasse um simpático clube regional que ganhava muito de vez em
quando num potentado internacional, respeitado e temido a nível europeu e mundial.
Com Pinto da Costa como presidente, o F.C. Porto ganhou 58 títulos
nacionais e internacionais de futebol, em apenas 32 anos, ou seja, 80 % das suas vitórias
em 120 anos de História. Nunca ninguém fez um clube de futebol tão grande, tão
vitorioso em tão pouco tempo. E acho que muito dificilmente alguém fará.
Com Pinto da Costa, o Porto clube, o Porto Cidade e a região norte em
geral ganharam um motivo de orgulho permanente, que nunca se extinguiu ao longo
de três décadas. Infelizmente, Pinto da Costa nem sempre soube ser grande nas
vitórias que “tinham de ser quase sempre contra alguém”. Essa é a parte de
Pinto da Costa que nunca admirei e, no meu entender, foi determinante para que
o clube portuense não se tenha tornado no clube da maioria dos portugueses. Grande dos portugueses não entende o desporto como uma luta de regiões, cidades,
clubes, pessoas. Pinto da Costa nunca foi capaz de saltar essa barreira
psicológica ou, se calhar, nunca quis, infelizmente!
O papel do presidente do F. C. Porto, fruto da importância das
conquistas do clube, foi muito para além do futebol e do desporto. O Porto
atingiu e até ultrapassou Benfica e Sporting nas conquistas desportivas em
diversas modalidades, tornou-se no clube português como mais êxitos
internacionais, destacou-se no mundo dos negócios futebolísticos. O líder azul
e branco tornou-se numa figura da sociedade portuguesa e a sua opinião era
ouvida e seguida com um fervor nunca visto. Nos últimos anos, a idade tem
tornado Pinto da Costa mais suave e a sua intervenção pública tem diminuído.
Infelizmente, a história de Pinto da Costa não é apenas um jardim de
belas rosas. O seu percurso teve também alguns espinhos dolorosos, em que a
acusação de envolvimento em corrupção desportiva, no conhecido processo “Apito
Dourado”, foi o expoente máximo.
Há ainda o colorido dos seus constantes e surpreendentes romances que o
fazem muito falado e comentado por uma parte da sociedade que liga pouco ao
futebol, mas isso na verdade apenas torna mais sedutora, única e fascinante a
personalidade de Jorge Nuno Pinto da Costa que um dia, muito jovem, se
apaixonou por um clube de futebol. Essa paixão foi tão louca, tão intensa, tão
profunda que todos estamos certos que durará até o velho dragão morrer.
Gabriel Vilas Boas
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