Estudantes albinos cegos, num dormitório da Escola da Missão Vivekananda, um colégio interno para cegos, em Bengala Ocidental, Índia.
Pelo 14.º
ano consecutivo o Fórum da Maia acolhe a mais famosa exposição de
fotojornalismo: A World Press Photo 2014. Nunca deixei de ver uma única
exposição pois esta exposição junta a minha paixão mais antiga (o jornalismo)
com a mais recente (a fotografia).
A
fotografia é uma arte altamente sedutora, que para mim ganha um valor
considerável quando noticia, documenta, “fala”. Normalmente descreve um mundo
cruel, cheio de guerras, mortes, violências, desastres naturais. Por vezes,
mostra um olhar profundo, belo, elucidativo dum anónimo qualquer, num momento
em que se escrevia a História. Há ainda as extraordinárias fotos do desporto e
da vida animal, que fogem um pouco ao conceito que procuro neste tipo de
exposição.
Nos
últimos anos, a qualidade da exposição tem descido um pouco porque o BES deixou
de patrocinar o concurso de fotojornalismo exclusivamente português que, por
via disso, deixou de existir.
A foto
vencedora da exposição foi uma escolha muito feliz. Se bem se lembram,
retratavam migrantes africanos na costa da cidade de Djibouti, à noite,
erguendo os telemóveis, tentando captar uma rede barata na vizinha Somália,
numa tentativa ténue de ligação com os familiares no estrangeiro. O Djibouti é
um ponto de paragem habitual para os migrantes em trânsito vindos de países
como a Somália, Etiópia, Eritreia e que procuram uma vida melhor na Europa e no
Médio Oriente. O
norte-americano John Stanmeyer captou numa só imagem os grandes temas da
atualidade: tecnologia, globalização, migração, pobreza, alienação.
Este
evento é internacionalmente reconhecido pela sua qualidade e por ser o único do
género, resultando de um concurso anual de fotojornalismo onde a atualidade é
apresentada a nível mundial. A exposição de fotojornalismo está organizada em
várias categorias (Arte e Entretenimento, Assuntos Contemporâneos, Vida
Quotidiana, Notícias Gerais, Natureza, Pessoas nas Notícias, Retratos, Notícias
Locais e Desporto) e mostra acontecimentos marcantes que tiveram lugar em 2013.
Na edição
deste ano, World Press Photo contou com a participação de 5.754 fotógrafos e de 132 países, que levaram 98.671 fotografias a concurso. A exposição é
apresentada, este ano, por mais de 100 cidades em mais de 45 países.
Entre as fotos premiadas destaco
duas: a vencedora da Categoria “Notícias em Geral, Reportagem”, da autoria de
Cris McGrath, que fotografou a destruição de Vasayas, na região central das
Filipinas, em consequência do tufão Haiyan, a 8 de novembro de 2013. Foi o
tufão filipino mais devastador de que há memória, pois ceifou a vida a mais de
6200 pessoas e deslocou quatro milhões de pessoas. A foto documenta bem o
elevado grau de destruição que tornou lento o trabalho de recuperação.
O outro destaque vai para uma
foto lindíssima do fotógrafo alemão Markus Schreiber que captou a reação de uma
mulher ao saber – no terceiro e último dia de velório – que já não ia a tempo
de poder ver o corpo de Nelson Mandela. – Categoria “Retratos”. Reparo na deceção de quem
falhou a última homenagem ao grande herói da luta contra o racismo no século XX
- Nelson Mandela.
O fotojornalismo é oportunidade,
beleza, arrepio, notícia, expressão. A World Press Photo estará no Fórum da
Maia até 18 de dezembro e é uma excelente oportunidade de recordar alguns dos
acontecimentos mais marcantes de 2013, em formato gigante, espetacular,
impressionante.
Gabriel Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário