Keanu Reeves faz hoje cinquenta anos. Um momento
especial, num ator e, sobretudo, num homem muito especial. Das origens à
carreira, passando pela história de vida e terminando no modo como lida com a
fama, tudo neste homem nos diz que estamos perante uma pessoa fora do comum.
Nasceu em Beirute, no Líbano, mas tem nacionalidade
canadiana. Filho duma stripper e dum traficante de droga, encaixou muito bem os
revezes iniciais da fortuna e procurou o seu próprio caminho.
A sua carreira cinematográfica começou aos vinte anos
e atinge a fama aos trinta quando filma “Speed – Perigo Em Alta Velocidade”,
com a belíssima Sandra Bullock. Daí para cá tem somado êxitos e participado em filmes emblemáticos como “O Advogado do Diabo” com Al Pacino, ou
Matrix e respetivas sequelas.
Embora a
relevância e fama deste cinquentão que aparenta ter pouco mais de trinta,
provenham do cinema, dois aspetos fora do mundo de Hollywood me chamaram
atenção: em primeiro lugar a sua simplicidade e filantropia, que em nada me
parecem fingidas; e em segundo lugar, as suas paixões de juventude: o hóquei no gelo e
o teatro. O guarda-redes de hóquei que era conhecido como "a parede", por ser
muito difícil marcar-lhe golos, amava Shakespeare e Hamlet. O teatro era a sua
paixão. E isso ficou bem evidente quando a sua carreira cinematográfica dava os
primeiros passos e o irreverente Keanu decidiu dar corpo ao “seu” projeto de
sonho: fazer “Hamlet" de Shakespeare.
Foi uma produção pequena, na cidade de Winnipeg, no Canadá, sob a direção de
Lewis Baumander, onde Reeves contracenou com vários atores desconhecidos. Os
bilhetes esgotaram-se em poucos dias. Os fãs do ator fizeram questão de estar
presentes vindos de toda a parte, o que tornou a peça uma atração turística na
cidade. Críticos canadianos, americanos e até ingleses, deslocaram-se a
Winnipeg para ver Keanu. Conta-se que os seus agentes, além de desaconselhá-lo
veementemente a empreender tal façanha se recusaram a ir vê-lo, temendo uma
humilhação pública deste ator de personalidade tão forte. Na estreia, Keanu
Reeves esteve nervoso na estreia e recebeu algumas críticas negativas, mas isso
não o demoveu e procurou melhor a sua atuação até convencer um dos mais
renomados críticos ingleses de teatro, Roger Lewis, que declarou que Keanu foi
um dos três melhores Hamlets que ele já vira. Lewis explicou que Keanu
"era Hamlet": "Keanu personificou a inocência, a fúria
esplêndida, a graça animal e a violência emocional que compõem o Príncipe da
Dinamarca. Ele é um dos três melhores Hamlets que já vi, por uma simples razão:
ele é Hamlet".
Atualmente, Reeves é uma dos
atores mais respeitados e admirados em Hollywood, não apenas pela qualidade dos
seus desempenhos, mas também pela sua conduta cívica. Tem uma fundação que
financia hospitais oncológicos e equipas de cientistas que procuram
incessantemente uma cura para o flagelo do cancro; apoia financeiramente
instituições de caridade, e fez questão de várias vezes vivenciar o dia-a-dia
dos sem-abrigo.
As suas ações não são teatrais nem pretendem constituir um
golpe publicitário que melhore a sua imagem, pois muitas vezes aqueles que lhe
são próximos ou até os seus agentes são surpreendidos pela ação deste libanês
que o Canadá adotou.
Keanu Reeves é sem dúvidas um ser extraordinário, ”uma
verdadeira brisa fresca sobre as montanhas” da vida, como indica o seu próprio
nome.
Gabriel Vilas Boas
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