13
de setembro de 1993!
Eis
a data que todos deveríamos saber de cor. Teve tudo para ser a data mais feliz
após o fim da segunda guerra mundial e enterrar definitivamente os restos
daquele conflito que dizimou judeus e arruinou a Europa.
Naquele dia lindo de 1993, Bill
Clinton conseguiu o impensável: abençoou aquele aperto de mão entre Yasser
Arafat e Itzhak Rabin, que devia ter sido o primeiro dia da convivência
pacífica entre palestinianos e israelitas.
Durante nove meses
representantes do governo israelita e da OLP andaram por Oslo a negociar os
termos dum acordo, que não era nenhuma perfeição nem resolvia todos os
problemas, mas tinha lá dentro as sementes da paz.
Rabin era um líder extraordinário.
Sempre o admirei pela sua capacidade de amar a paz e de perceber que esta se
constrói com cedências, porque os outros também devem ter as suas razões, ainda
que não as entendamos…
E que assinaram Arafat e Rabin a
13 de setembro de 1993? Coisas simples, mas hoje mais ou menos utópicas!
O
exército israelita retirava da Faixa de Gaza e da Cijosdânia, ao mesmo tempo
que se reconhecia o direito aos palestinianos ao autogoverno nas zonas
governadas pela Autoridade Palestiniana. Rabin e Arafat combinaram que haveria
três áreas: uma governada em absoluto pela autoridade palestiniana e outra com
total controlo do governo israelita. Uma terceira área teria o controlo civil
dos palestiniano e o controlo militar judeu.
Os
dois líderes assentaram que o governo palestiniano duraria cinco anos, mas, a
partir de 1996, o estatuto da Palestina seria renegociado. As sensíveis
questões do que fazer com Jerusalém, os clonatos judaicos, os refugiados, a
Guerra dos Seis Dias, as fronteiras e a eterna questão da segurança também
ficaram contempladas no acordo, que levou a igualmente a assinatura de Shimon
Peres, Mahmoud Abbas, Andrei Kozyrev (Rússia) e Warren Cristopher (Noruega),
além do já citado Clinton, pelos EUA.
Eu
ainda não tinha vinte anos, mas lembro-me perfeitamente da satisfação com que
fiquei, pois acreditava sinceramente na boa-fé dos dois líderes, e acreditava,
como hoje ainda acredito que parte substancial da resolução dos conflitos
mundiais passava pelo entendimento entre judeus e árabes.
Os
meses seguintes confirmaram o meu otimismo. Em 1994, o Prémio nobel da Paz era atribuído
a Rabin e Arafat e dois anos após “Os Acordos de Oslo” assinados nos EUA, foram
subscritos, em Taba, na península do Sinai, no Egito, um acordo mais pormenorizado
e completo sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Era a prova mais do que
evidente que o caminho da paz estava a ser trilhado com sucesso, ainda que muita
pedra pudesse tornar o caminho doloroso…
Essa
pedra chegou num dia escuro e terrível de novembro de 1995, que preferido não
recordar hoje. Daí para cá construíram-se muros de ódio, raiva, razões e mais
razões de ambos os lados. Os homens que apertaram sinceramente as mãos estão
mortos e com eles parecem ter levado as chaves da paz.
Quero
acreditar que o dia 13 de setembro de 1993 não foi apenas um sonho lindo que durou dois
anos e dois meses. Quero crer que os líderes que a minha geração produzir
saberão ter a inteligência e a grandeza de deixar ao mundo um legado de PAZ.
Gabriel
Vilas Boas
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