"O Baile no Moulin de la Galette" é
uma das pinturas mais famosas do grande August Renoir. Trata-se dum óleo sobre
tela, datado de 1876, onde o pintor francês quis mostrar uma multidão animada a
divertir-se num recinto de baile, em Paris, conhecido por «Moulin de la
Galete».
Renoir fez inúmeras visitas ao local do
baile, para desenhar esboços da pista de dança ao ar livre e planificar o seu
quadro. Ele queria mostrar o melhor do lugar, com toda aquela gente vestida com as suas
roupas mais requintadas.
As pinceladas leves e delicadas do
pintor contribuem para que tudo pareça belo e harmonioso. As cores garridas e o
traço difuso faziam com que esta tela parecesse às pessoas algo berrante e por
acabar. Contudo, para Renoir, tratava-se de captar uma perceção instantânea de
luz e de movimento.
Um olhar mais atento sobre o quadro
permite observar como o chão resplandece de luz e cor. O chão ofusca pelo
branco usado e mesmo as sombras estão pintadas em azul em vez de branco.
Devemos também notar a maneira hábil
como Renoir dispõe as figuras no quadro. Numa primeira impressão, podemos concluir
que se trata duma “fotografia” casual, mas, na realidade, todos os presentes
foram cuidadosamente dispostos na tela, deixando a maior parte dos amigos do
pintor de frente para o observador do quadro. Deste modo, podemos analisar as
várias emoções dos amigos de Renoir, plasmadas nos seus jovens rostos. Como
curiosidade, chamo a atenção para os dois homens sentados de frente para nós,
que são nem mais nem menos que Georges e Norbert, amigos íntimos do pintor.
A rapariga, sentada de frente para o
observador, era uma jovem das redondezas da cidade luz que Renoir convenceu a
posar para ele no seu vestido às riscas. Já os dançarinos mais próximos são o
pintor Cardenas e uma modelo de nome Margot.
Tudo isto nos leva concluir que esta
foi uma composição trabalhada ao pormenor por Renoir e que a aparente casualidade
e naturalidade das figuras representadas é só isso: aparente.
Quando foi exibido pela primeira vez, o
quadro foi muito criticado e muita gente detestava-o, sobretudo pela aparência
um tanto ou quanto desfocada da cena. No entanto, esta interpretação da vida
popular parisiense foi ganhando adeptos e tornou-se numa das obras-primas de
Renoir e do impressionismo. Adquira por Gustave Caillebotte, pertence
atualmente ao Estado francês por doação daquele e tornou-se num dos quadros
mais caros já vendidos.
Gabriel Vilas Boas
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