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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

DA ARTE, DA PINTURA, DO IMPRESSIONISMO



CLAUDE MONET, Os Lírios de Água, Giverny,
1907, Collection Jocelyn Walker, Londres

O Impressionista é o artista sincero e livre que, ao romper com os processos da escola e os requintes da moda, sente, na simplicidade do seu coração, o encanto absoluto que se desprende da natureza, e transmite, com singeleza e com a maior franqueza possível, a intensidade da impressão sentida.
Paul Mantz

A grande revolução impressionista da mancha de cor trouxe alegria, animação e vida onde a ausência do detalhe e a realidade fragmentada davam o tom a telas absolutas de alma e requinte que enriqueceram os Salons de Paris.
Gosta-se dos Impressionistas. Esta nova pintura nasce entre 1860 e 1870, a partir de um grupo de jovens artistas que se reunia no Café Guerbois e onde discutiam novas ideias sobre a Arte. Sabemos que o florescimento cultural foi uma realidade na cidade de Paris, durante o Segundo Império (1852-1870), onde a vida social era atraente e refinada, com os seus teatros e vaudevilles ,os cafés e as mostras de arte e os salões que buscavam novos talentos.
Monet criou esta nova tendência para responder, quem sabe, ao desafio da fotografia. Mas sobretudo em oposição ao Realismo e academismo da época. Não interessava competir com  a máquina fotográfica, essa invenção oitocentista que gravava de forma indelével olhares, rostos e sorrisos tristes e cinzentos, almas das famílias burguesas que se faziam retratar gravando momentos únicos. Estes novos pintores perseguiam a realidade, sim, mas sobretudo os efeitos da luz sobre as pessoas, os objetos, ou a natureza.
As telas eram trabalhadas no momento, ao ar livre, em registo de temas banais. O tema era secundário. Importava apenas o instante luminoso, representando por isso a mesma árvore, a mesma igreja, a mesma paisagem em diferentes momentos do dia, em diferentes estações, em diferentes condições atmosféricas. A tela não era nunca retocada, resultando daí uma obra inacabada, rugosa, empastelada em jogos de cores jorradas de pincéis e de tubos de tinta enlouquecidos pela ausência de misturas de cores complementares, apenas operadas em fusão de cor nos olhos do espectador.
Não há já o contraste claro-escuro, para choque de alguns academistas míopes; mas há a cor vibrante, a captação de luz, tão ao gosto também das primeiras experiências da Escola de Barbizon.
No Salon de 1868, este grupo original e revolucionário não passa despercebido. Manet é um sucesso; Degas, Renoir, Monet suscitam curiosidade. A crítica aplaude-os. Philippe Burty escreve assim, em 1875:
“…o detalhe é suprimido, com uma decisão que assusta as almas tímidas. O conjunto tanto exprime os efeitos de luz como os contrastes de tonalidade, as silhuetas e as massas, através de ataques arrojados pouco preocupados com a aprovação dos míopes…”.

Mas se a fotografia libertou a pintura da representação da realidade dando lugar a outras sensibilidades, também a influenciou, sobretudo nos enquadramentos à maneira fotográfica. O gosto pelas estampas japonesas, as novas descobertas da ótica e o fabrico industrializado das tintas em tubos permitem esta revolução. Se Claude Monet impressionou, Auguste Renoir encantou com os seus nus femininos; Camille Pissarro coloriu as suas vibrantes paisagens de tons inesperados enquanto Edgar Degas, em enquadramentos fotográficos nunca vistos em tons pastel, desenhou um quotidiano burguês de festa e lazer, para falar apenas nos meus preferidos.

EDGAR DEGAS, Primeira Bailarina,1878, Musée D’Orsay

 É com eles que vos deixo hoje, invulgarmente numa quarta- feira única porque véspera do meu encontro primeiro com o novo ano letivo que agora arranca. Já apertam as saudades dos meus alunos velhos… e a curiosidade acerca dos novos. Qual será a primeira IMPRESSÃO?? 

Rosa Maria Alves da Fonseca

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