1907, Collection
Jocelyn Walker, Londres
“O Impressionista é o artista sincero e
livre que, ao romper com os processos da escola e os requintes da moda, sente,
na simplicidade do seu coração, o encanto absoluto que se desprende da
natureza, e transmite, com singeleza e com a maior franqueza possível, a
intensidade da impressão sentida.”
Paul Mantz
A grande revolução impressionista
da mancha de cor trouxe alegria, animação e vida onde a ausência do detalhe e a
realidade fragmentada davam o tom a telas absolutas de alma e requinte que
enriqueceram os Salons de Paris.
Gosta-se dos Impressionistas. Esta
nova pintura nasce entre 1860 e 1870, a partir de um grupo de jovens artistas
que se reunia no Café Guerbois e onde
discutiam novas ideias sobre a Arte. Sabemos que o florescimento cultural foi
uma realidade na cidade de Paris, durante o Segundo Império (1852-1870), onde a
vida social era atraente e refinada, com os seus teatros e vaudevilles ,os cafés e as mostras de arte e os salões que buscavam
novos talentos.
Monet criou esta nova tendência
para responder, quem sabe, ao desafio da fotografia. Mas sobretudo em oposição
ao Realismo e academismo da época. Não interessava competir com a máquina fotográfica, essa invenção
oitocentista que gravava de forma indelével olhares, rostos e sorrisos tristes
e cinzentos, almas das famílias burguesas que se faziam retratar gravando
momentos únicos. Estes novos pintores perseguiam a realidade, sim, mas
sobretudo os efeitos da luz sobre as pessoas, os objetos, ou a natureza.
As telas eram trabalhadas no
momento, ao ar livre, em registo de temas banais. O tema era secundário.
Importava apenas o instante luminoso, representando por isso a mesma árvore, a
mesma igreja, a mesma paisagem em diferentes momentos do dia, em diferentes
estações, em diferentes condições atmosféricas. A tela não era nunca retocada,
resultando daí uma obra inacabada, rugosa, empastelada em jogos de cores
jorradas de pincéis e de tubos de tinta enlouquecidos pela ausência de misturas
de cores complementares, apenas operadas em fusão de cor nos olhos do
espectador.
Não há já o contraste
claro-escuro, para choque de alguns academistas míopes; mas há a cor vibrante, a captação de luz, tão ao gosto também das primeiras experiências da Escola
de Barbizon.
No Salon de 1868, este grupo original e revolucionário não passa
despercebido. Manet é um sucesso; Degas, Renoir, Monet suscitam curiosidade. A
crítica aplaude-os. Philippe Burty escreve assim, em 1875:
“…o detalhe é suprimido, com uma
decisão que assusta as almas tímidas. O conjunto tanto exprime os efeitos de
luz como os contrastes de tonalidade, as silhuetas e as massas, através de
ataques arrojados pouco preocupados com a aprovação dos míopes…”.
Mas se a fotografia libertou a
pintura da representação da realidade dando lugar a outras sensibilidades,
também a influenciou, sobretudo nos enquadramentos à maneira fotográfica. O
gosto pelas estampas japonesas, as novas descobertas da ótica e o fabrico
industrializado das tintas em tubos permitem esta revolução. Se Claude Monet
impressionou, Auguste Renoir encantou com os seus nus femininos; Camille
Pissarro coloriu as suas vibrantes paisagens de tons inesperados enquanto Edgar
Degas, em enquadramentos fotográficos nunca vistos em tons pastel, desenhou um
quotidiano burguês de festa e lazer, para falar apenas nos meus preferidos.
EDGAR DEGAS, Primeira Bailarina,1878, Musée D’Orsay
É com eles que vos deixo hoje, invulgarmente
numa quarta- feira única porque véspera do meu encontro primeiro com o novo ano
letivo que agora arranca. Já apertam as saudades dos meus alunos velhos… e a
curiosidade acerca dos novos. Qual será a primeira IMPRESSÃO??
Rosa
Maria Alves da Fonseca
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