Leonard Cohen fez ontem 81 anos e para assinalar a data resolveu comprar ele próprio a prenda… para os fãs: o seu 13.º disco – “Popular Problems”.
Parece impossível mas o canadiano, de voz rouca e encorpada, que escreve canções como um poeta e as interpreta como um velho sábio, continua a produzir músicas. “Popular Problems” é um trabalho sobre o mundo em que vivemos, onde o sofrimento e a luta para se ser reconhecido traçam a alma de muita gente. Neste trabalho destacaria a música “Nermind”, onde uma voz feminina canta em árabe, representando as vítimas dos conflitos armados e os oprimidos do mundo inteiro.
Cohen revela-se para a música já depois dos trinta anos, quando edita o seu primeiro álbum – “Songs of Leonard Cohen”- em 1967. Seguem-se trabalhos mais ou menos regulares até final da década de setenta. Há medida que a idade avançava, os seus álbuns foram tornando-se mais espaçados no tempo, até porque nem sempre a inspiração acompanhava um espírito tão exigente, mas o público continuava fiel ao senhor de voz grave e cavernosa que um dia compôs “Dance me to the end of love”, “Hallelujah”, “I´m your man” ou “Suzanne”.
Por detrás do músico sempre esteve o poeta e o pensador que escreveu coletâneas de poemas ("Let Us Compare Mythologies"; "Flowers of Hitler") e novelas ("The Favourite Game"; "Beautiful Losers") e que em 2011 recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras.
Os anos 90 trazem uma inesperada aproximação ao budismo, que o levam a ingressar num mosteiro perto de Los Angeles e tornar-se monge zen, adquirindo o nome de Dharma de Jikan, ou seja, “o silencioso”. Foi uma experiência de cinco anos que o fez regressar à música para compor mais dois álbuns no início do século XXI: “Tem new songs”(2001) e “Dear Heather” (2004)
Com setenta anos, pensava-se que o velho judeu nascido no Canadá se retirava dos palcos por limite de idade, mas não! Há dois anos Cohen surpreendeu o mundo com “Old Ideas” e lançou-se numa série de concertos pelo mundo inteiro, entre os quais um em Lisboa.
Apesar de se ter tornado um ícone citado em livros (“História do Cerco de Lisboa”, Saramago e “Eat, pray, love”, Elisabeth Gilbert) e em músicas (“Pennyroyal”, Nirvana), Leonard Cohen recusa-se a ser “apenas” uma lenda à espera do fim. Com “Popular Problems”, ele combina country, blues e gospel, para abordar os seus temas preferidos de sempre: religião, guerra, morte e amor.
Apesar da beleza e profundidade dos poemas de Cohen, apetece-me terminar, citando imperfeitamente a canção que Frank Sinatra imortalizou
For what is a man, what has he got?
If not himself, than he has naugth
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels
The record shows, he took the blows
But he did it... his way
Gabriel Vilas Boas
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