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terça-feira, 2 de setembro de 2014

KEANU REEVES


 Keanu Reeves faz hoje cinquenta anos. Um momento especial, num ator e, sobretudo, num homem muito especial. Das origens à carreira, passando pela história de vida e terminando no modo como lida com a fama, tudo neste homem nos diz que estamos perante uma pessoa fora do comum.
Nasceu em Beirute, no Líbano, mas tem nacionalidade canadiana. Filho duma stripper e dum traficante de droga, encaixou muito bem os revezes iniciais da fortuna e procurou o seu próprio caminho.
A sua carreira cinematográfica começou aos vinte anos e atinge a fama aos trinta quando filma “Speed – Perigo Em Alta Velocidade”, com a belíssima Sandra Bullock. Daí para cá tem somado êxitos e participado em filmes emblemáticos como “O Advogado do Diabo” com Al Pacino, ou Matrix e respetivas sequelas.

Embora a relevância e fama deste cinquentão que aparenta ter pouco mais de trinta, provenham do cinema, dois aspetos fora do mundo de Hollywood me chamaram atenção: em primeiro lugar a sua simplicidade e filantropia, que em nada me parecem fingidas; e em segundo lugar, as suas paixões de juventude: o hóquei no gelo e o teatro. O guarda-redes de hóquei que era conhecido como "a parede", por ser muito difícil marcar-lhe golos, amava Shakespeare e Hamlet. O teatro era a sua paixão. E isso ficou bem evidente quando a sua carreira cinematográfica dava os primeiros passos e o irreverente Keanu decidiu dar corpo ao “seu” projeto de sonho: fazer “Hamlet" de Shakespeare.


Foi uma produção pequena, na cidade de Winnipeg, no Canadá, sob a direção de Lewis Baumander, onde Reeves contracenou com vários atores desconhecidos. Os bilhetes esgotaram-se em poucos dias. Os fãs do ator fizeram questão de estar presentes vindos de toda a parte, o que tornou a peça uma atração turística na cidade. Críticos canadianos, americanos e até ingleses, deslocaram-se a Winnipeg para ver Keanu. Conta-se que os seus agentes, além de desaconselhá-lo veementemente a empreender tal façanha se recusaram a ir vê-lo, temendo uma humilhação pública deste ator de personalidade tão forte. Na estreia, Keanu Reeves esteve nervoso na estreia e recebeu algumas críticas negativas, mas isso não o demoveu e procurou melhor a sua atuação até convencer um dos mais renomados críticos ingleses de teatro, Roger Lewis, que declarou que Keanu foi um dos três melhores Hamlets que ele já vira. Lewis explicou que Keanu "era Hamlet": "Keanu personificou a inocência, a fúria esplêndida, a graça animal e a violência emocional que compõem o Príncipe da Dinamarca. Ele é um dos três melhores Hamlets que já vi, por uma simples razão: ele é Hamlet".



Atualmente, Reeves é uma dos atores mais respeitados e admirados em Hollywood, não apenas pela qualidade dos seus desempenhos, mas também pela sua conduta cívica. Tem uma fundação que financia hospitais oncológicos e equipas de cientistas que procuram incessantemente uma cura para o flagelo do cancro; apoia financeiramente instituições de caridade, e fez questão de várias vezes vivenciar o dia-a-dia dos sem-abrigo.
As suas ações não são teatrais nem pretendem constituir um golpe publicitário que melhore a sua imagem, pois muitas vezes aqueles que lhe são próximos ou até os seus agentes são surpreendidos pela ação deste libanês que o Canadá adotou.
Keanu Reeves é sem dúvidas um ser extraordinário, ”uma verdadeira brisa fresca sobre as montanhas” da vida, como indica o seu próprio nome. 

Gabriel Vilas Boas

sábado, 17 de maio de 2014

O ADVOGADO DO DIABO



"A vaidade é o defeito que mais aprecio nos homens"

O Advogado do Diabo é um filme realizado em 1997 por Taylor Hackford e tem como protagonistas os atores Keanu Reeves e Al Pacino. 

O filme permite uma extraordinária reflexão do espectador sobre o problema do livre-arbítrio no ser humano. Este é o tema principal, embora nesta película possa também observar como é fácil o ser humano ser persuadido pela vaidade (Lomax deixa-se levar pelas tentações, que lhe surgem duma forma convidativa e mascarada).

Com uma certa conotação religiosa, o filme caracteriza problemas como egocentrismo, vaidade e ganância no homem, mostrando as consequências negativas que emergem caso esses pecados sejam exercidos.

Kevin Lomax (Keanu Reeves) é um jovem e brilhante advogado que nunca perdeu um caso (tinha o impressionante recorde de sessenta e quatro vitórias e nenhuma derrota), mesmo que em certos casos nem ele acredite na inocência daqueles que defende. A certa altura, Kevin Lomax recebe uma tentadora proposta por parte duma grande firma de advocacia de Nova Iorque. 


Mas o cargo que Lomax aceitou não é bem o que parece. O Diabo estava implícito nas entrelinhas. A poderosa firma de advogados era dirigida pelo misterioso John Milton (Al Pacino). Mary Ann (Charlize Theron), a mulher de Kevin, é a primeira a perceber que algo estava errado, quando tem estranhas visões demoníacas e gradualmente entra num estado de depressão, mas Kevin não se preocupa muito com isso, apenas pretende vencer caso após caso. Milton, a encarnação do Diabo, vai “ensinando” a Lomax que a advocacia é o reino onde há inúmeros casos para se vencerem... e almas para se perderem. 

Os triunfos de Lomax no tribunal sucedem-se a um ritmo vertiginoso e a sua ascensão é rápida, mas isso tem um preço: a sua alma, a sua família, a sua vida. Como o Diabo lhe diz a certo passo, “talvez tenha chegado a altura de perderes”, mas a ambição, o egocentrismo e sobretudo a vaidade (“o pior defeito do ser humano”), levam-no a perder tudo: mulher, família, vida. 

Este filme, que fala sobre Direito e Lei, insere-se numa esfera de escolhas e decisões, que é o livre-arbítrio, tão retratado em diversas situações ao longo do filme.
Somos livres quando o que fazemos resulta apenas das nossas deliberações, quando escolhemos que ação está mais de acordo com os nossos desejos e valores e quando sentimos que podíamos ter agido de modo diferente sendo as causas anteriores iguais. Sabemos também que ao agir livremente, somos moralmente responsáveis por tudo o que fazemos. Deste modo, a liberdade humana está ligada à consciência.


Na última parte do filme, predomina a luta entre o bem e o mal assim como o livre-arbítrio. Kevin perde a sua mulher e descobre toda a verdade sobre John Milton, que ele é seu pai e ao mesmo tempo um demónio. 

Milton convence Kevin de que ele próprio foi o responsável pela morte da sua esposa, pois dera-lhe oportunidades para deixar os casos e cuidar da mulher doente, porém a sua vaidade e ambição foram superiores. Kevin acusa John Milton de ter manipulado os seus sentimentos, mas o diabo responde-lhe que a preocupação consigo próprio fora a sua única preocupação. Kevin Lomax, consciente desta realidade, arrepende-se, mas, Milton não pretende o seu arrependimento, mas sim que ele tenha um filho com a sua meia-irmã, a belíssima Christabella (Connie Nielson). No entanto, a decisão de Kevin devia ser espontânea e livre. Christabella tenta seduzi-lo com a sua beleza, mas ele recusa e, de seguida, olha para o seu pai e mata-se livremente, escolhendo o único caminho após tantos erros. A sua opção resultou unicamente das suas ponderações. 

No final do filme, a cena volta ao início do filme. Numa fração de segundo Kevin tem a oportunidade de olhar-se ao espelho e vislumbrar o destino do mundo dominado pela vaidade. Aliviado por ver a esposa Mary Ann, a sua consciência estimula-o a tomar a decisão correta de desistir do caso, uma vez que ele compreendeu que estava a defender o verdadeiro culpado.

Não podemos viver sem o livre-arbítrio porque a experiência da liberdade é constitutiva da experiência de agir. Agir pressupõe o livre-arbítrio, a completa autonomia para decidir a cada momento o que pretendemos fazer ao longo da vida. Qualquer decisão tomada é da nossa inteira responsabilidade. Devemos interpretar corretamente o que nos é sugerido, porque ser livre tanto é aceitar como recusar.

Gabriel Vilas Boas