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sábado, 5 de julho de 2014

AL PACINO



Na semana passada falei-vos do primeiro filme da trilogia “O PADRINHO”, hoje falo-vos do ator que ficou indubitavelmente ligado aos filmes que melhor retrataram o fenómeno da Máfia: Al Pacino. Ainda não tinham passado três anos sobre a sua estreia em cinema, já Coppola reparava no seu talento e convocava-o para o Padrinho I, onde brilhou com tanta intensidade que foi indicado para Óscar pela Academia de Hollywood, na categoria de Melhor Ator Secundário. Não venceu, mas convenceu e nas sequelas que se seguiram Al Pacino assumiu o principal papel.
A ascendência siciliana de Al Pacino ter-lhe-à dado a veia necessária para encarnar a saga dos Corleone e de O Padrinho, que fez do ator americano um astro do cinema.

 Nascido a 2 de abril de 1940, Al Pacino viveu a infância no Bronx. O interesse pelo teatro levou-o a inscrever-se na High School for Performing Arts que abandonou aos dezassete anos. Depois de uma sucessão de empregos como paquete, arrumador e porteiro, entrou na Broadway e foi admitido na Actors Studio. Foi aí que afinou o enorme talento.
 Aos 33 anos conquistou Hollywood após a sua memorável atuação em O Padrinho, desempenho que lhe valeu a nomeação para Óscar de Melhor Ator. Era o primeiro dos filmes da célebre trilogia de Coppola e deu corpo, voz e coração a Michael Corleone, filho mais novo de Don Corleone (Marlon Brando). No segundo filme da saga, estreado em 1974, o portentoso Al Pacino foi já o rosto da “famiglia”, o que se repetiu no terceiro capítulo, exibido em 1990.


Nascido para a interpretação e a vitória, Al Pacino esteve soberbo no seu segundo filme, Pânico em Needle Park (1971), e deu vida a personagens que se colocaram ora de um lado ora do outro da barricada da justiça. Foi um polícia incorruptível em “Serpico” (1973), encarnou um vilão em Um dia de Cão, sempre com o mesmo realizador: Sidney Lumet. Em 1979, voltou à carga com “… E Justiça para Todos” de Norman Jewinson. Nestes três filmes residirá um dos temas mais importantes dos filmes de Al Pacino: a denúncia da corrupção no seio do sistema judicial e policial dos Estados Unidos.
Seguiu-se a participação em filmes polémicos e não muito bem sucedidos como “A caça” (1980), de William Frieldkin, um drama moralista sobre homossexualidade ou “Scarface, a face do poder”, de Brian De Palma, uma tentativa gorada de criar um Don Corleone de origem cubana.
       “Perigosa Sedução” (1989), filme de Harold Becker, no qual contracenou com Ellen Barkin em escaldantes cenas de sexo, marcou o regresso do ator ao seu mais alto nível. Em Dick Tracy (1990), perante Madonna, confirmou a boa forma, sobrepondo-se a um Warren Beatty, realizador e ator.
Em 1992, após seis nomeações para os Óscares, Al Pacino recebeu finalmente a estatueta de melhor ator pela sua fabulosa interpretação em “Perfume de Mulher”.
Al Pacino continuou a derramar talento em filmes marcantes como “Advogado do Diabo” (1997), “O Informador” (1999), “Mercador de Veneza” (2004) ou “A dupla face da lei” (2008), entre outros. No entanto, o melhor por agora é rever um pouco de um filme que lhe valeu um dos momentos mais altos da sua carreira.

Gabriel Vilas Boas


sábado, 21 de junho de 2014

O PADRINHO (I)


   Desde 1972, onde quer que se esteja, qualquer referência à máfia ou ao crime organizado é imediatamente associado ao filme “O PADRINHO” ou ao nome Don Corleone. Só isso diz bem da colossal importância deste filme e dos que se seguiram para completar a trilogia de Francis Ford Coppola.
    Ao longo de três horas, O Padrinho é estonteante, chocante e realista, retratando como nunca mais foi feito (exceto nos outros dois filmes da série) o pérfido cartel do crime que cresceu até ser quase omnipresente nos Estados Unidos.
    É diferente de qualquer outro filme de gangsters, pois Coppola não utiliza fórmulas até então conhecidas para contar a história, usando sequências de quadros visuais, unidos, tal como a própria família, pela presença quase mítica de Vítor Corleone (Marlon Brando). Essa é, aliás, a receita do romance original, em que Mario Puzo oscila entre mitos e realidades do mundo do crime organizado.
    Marlon Brando teve uma interpretação inesquecível, que lhe valeu o segundo Óscar de Melhor Ator da sua carreira, depois do que havia conseguido em 1954 com o filme Há lodo no cais. Aliás, o próprio Mario Puzo, que escreveu o argumento do filme em parceria com Coppola, referiu que tinha criado a personagem principal do filme já a pensar que ela seria interpretada por Marlon Brando. Mas a verdade é que o produtor do filme tinha pensado em entregar o papel a Edward G. Robinson ou Laurence Olivier. No entanto a vontade de Coppola era só uma e foi essa que acabou por prevalecer!


    Todas as interpretações neste filme são memoráveis, tanto no que respeita a protagonistas como a atores secundários. Al Pacino mostra-se estupendo no papel de Michael, o filho universitário de Don Corleone que acaba por responder ao apelo do sangue  em vez de seguir uma carreira longe do crime. O filme acaba também por ser o filme de Al Pacino, mas as aparições de Marlon Brando foram tão brilhantes que o sucessor de Don Corleone apenas teve direito a uma nomeação para ator secundário.
    Marlon Brando recebeu um pequeno cachet de 100 mil dólares, associado a uma comissão nas receitas do filme que lhe rendeu 16 milhões de dólares!
    Francis Ford Coppola, convencido de que seria muito difícil lidar com a personalidade de Brando, ficou surpreendido com a facilidade com que este captou a personagem e com o espírito cooperante que ele demonstrou ao longo dos 35 dias que concedeu para filmar o seu papel.
    O Padrinho foi um dos maiores êxitos de bilheteira de todos os tempos e atingiu ganhos na ordem de 150 milhões de dólares. Pela direção desta obra-prima do cinema, Francis Ford Coppola recebeu uma nomeação para Óscar. Já o filme foi considerado o melhor de 1972 pela Academia de Hollywood e Marlon Brando consagrado como melhor ator.

Gabriel Vilas Boas
    

sábado, 17 de maio de 2014

O ADVOGADO DO DIABO



"A vaidade é o defeito que mais aprecio nos homens"

O Advogado do Diabo é um filme realizado em 1997 por Taylor Hackford e tem como protagonistas os atores Keanu Reeves e Al Pacino. 

O filme permite uma extraordinária reflexão do espectador sobre o problema do livre-arbítrio no ser humano. Este é o tema principal, embora nesta película possa também observar como é fácil o ser humano ser persuadido pela vaidade (Lomax deixa-se levar pelas tentações, que lhe surgem duma forma convidativa e mascarada).

Com uma certa conotação religiosa, o filme caracteriza problemas como egocentrismo, vaidade e ganância no homem, mostrando as consequências negativas que emergem caso esses pecados sejam exercidos.

Kevin Lomax (Keanu Reeves) é um jovem e brilhante advogado que nunca perdeu um caso (tinha o impressionante recorde de sessenta e quatro vitórias e nenhuma derrota), mesmo que em certos casos nem ele acredite na inocência daqueles que defende. A certa altura, Kevin Lomax recebe uma tentadora proposta por parte duma grande firma de advocacia de Nova Iorque. 


Mas o cargo que Lomax aceitou não é bem o que parece. O Diabo estava implícito nas entrelinhas. A poderosa firma de advogados era dirigida pelo misterioso John Milton (Al Pacino). Mary Ann (Charlize Theron), a mulher de Kevin, é a primeira a perceber que algo estava errado, quando tem estranhas visões demoníacas e gradualmente entra num estado de depressão, mas Kevin não se preocupa muito com isso, apenas pretende vencer caso após caso. Milton, a encarnação do Diabo, vai “ensinando” a Lomax que a advocacia é o reino onde há inúmeros casos para se vencerem... e almas para se perderem. 

Os triunfos de Lomax no tribunal sucedem-se a um ritmo vertiginoso e a sua ascensão é rápida, mas isso tem um preço: a sua alma, a sua família, a sua vida. Como o Diabo lhe diz a certo passo, “talvez tenha chegado a altura de perderes”, mas a ambição, o egocentrismo e sobretudo a vaidade (“o pior defeito do ser humano”), levam-no a perder tudo: mulher, família, vida. 

Este filme, que fala sobre Direito e Lei, insere-se numa esfera de escolhas e decisões, que é o livre-arbítrio, tão retratado em diversas situações ao longo do filme.
Somos livres quando o que fazemos resulta apenas das nossas deliberações, quando escolhemos que ação está mais de acordo com os nossos desejos e valores e quando sentimos que podíamos ter agido de modo diferente sendo as causas anteriores iguais. Sabemos também que ao agir livremente, somos moralmente responsáveis por tudo o que fazemos. Deste modo, a liberdade humana está ligada à consciência.


Na última parte do filme, predomina a luta entre o bem e o mal assim como o livre-arbítrio. Kevin perde a sua mulher e descobre toda a verdade sobre John Milton, que ele é seu pai e ao mesmo tempo um demónio. 

Milton convence Kevin de que ele próprio foi o responsável pela morte da sua esposa, pois dera-lhe oportunidades para deixar os casos e cuidar da mulher doente, porém a sua vaidade e ambição foram superiores. Kevin acusa John Milton de ter manipulado os seus sentimentos, mas o diabo responde-lhe que a preocupação consigo próprio fora a sua única preocupação. Kevin Lomax, consciente desta realidade, arrepende-se, mas, Milton não pretende o seu arrependimento, mas sim que ele tenha um filho com a sua meia-irmã, a belíssima Christabella (Connie Nielson). No entanto, a decisão de Kevin devia ser espontânea e livre. Christabella tenta seduzi-lo com a sua beleza, mas ele recusa e, de seguida, olha para o seu pai e mata-se livremente, escolhendo o único caminho após tantos erros. A sua opção resultou unicamente das suas ponderações. 

No final do filme, a cena volta ao início do filme. Numa fração de segundo Kevin tem a oportunidade de olhar-se ao espelho e vislumbrar o destino do mundo dominado pela vaidade. Aliviado por ver a esposa Mary Ann, a sua consciência estimula-o a tomar a decisão correta de desistir do caso, uma vez que ele compreendeu que estava a defender o verdadeiro culpado.

Não podemos viver sem o livre-arbítrio porque a experiência da liberdade é constitutiva da experiência de agir. Agir pressupõe o livre-arbítrio, a completa autonomia para decidir a cada momento o que pretendemos fazer ao longo da vida. Qualquer decisão tomada é da nossa inteira responsabilidade. Devemos interpretar corretamente o que nos é sugerido, porque ser livre tanto é aceitar como recusar.

Gabriel Vilas Boas