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sábado, 26 de setembro de 2015

MARLON BRANDO


A década de cinquenta do século passado foi inequivocamente a década dourada de Marlon Brando. Cinco nomeações, um Óscar. Depois de andar três anos a prometer, a Academia cumpriu em 1954, quando premiou o polémico ator com o Óscar de Melhor Ator Principal, pela sua interpretação em “Há Lodo no Cais”.
Marlon é ainda hoje dos mais controversos atores da história do cinema. Foi o ídolo da sua geração, o mito dos rebeldes sem causa. Por eles, recusou o Óscar em 1972, surpreendendo a América e o Mundo.

“Ele é um anjo como homem e um monstro como ator”. Foi assim que Bertolucci definiu Marlon Brando, depois de o ter dirigido no célebre filme erótico “O Último Tango em Paris”, que Brando protagonizou com Maria Schneider em 1973.
Marlon nunca foi brando. Símbolo de uma nova geração atores, rebelde e inconformado, Marlon Brando dividiu a sociedade conformista dos anos 50. Para os mais novos era o emblema da beat generation, para os mais velhos era uma ameaça social.

Senhor de um talento e versatilidade ímpares, foi na representação de personagens brutais que mais se destacou como na pele do violento Stanley Kowalsky em Um Elétrico Chamado Desejo (1951) que lhe valeu uma nomeação para Óscar.
“Há Lodo no Cais” (1954), de Elia Kazan foi o seu primeiro grande momento de glória, depois dos ameaços do já citado “Um Elétrico Chamado Desejo”, “Viva Zapata” (1952), Júlio César (1953).  
Na década de sessenta Marlon Brando tentou a sua sorte como realizador, mas as suas primeiras incursões não foram bem-sucedidas. O mesmo aconteceu na sua vida privada, onde três casamentos terminaram em três divórcios. Por outro lado acentuava-se a ideia de que Marlon Brando era um ator temperamental com quem era difícil trabalhar.

Mas o ator nascido no Nebraska deu a volta por cima e regressou em grande estilo na década de setenta. Além de ter participado no polémico “”O Último Tango em Paris”, foi O Padrinho, 1972, de Francis Ford Coppola que lhe deu o tal Óscar recusado em protesto contra os maus tratos infligidos aos seus amigos índios.

Logo depois, Brando preferiu uma vida de ócio no Tahiti (comprou uma ilha onde residiu até perto do fim), para fugir a mais atribulação dentro da sua vida sentimental. Muitos dos seus últimos filmes fê-los apenas para ganhar dinheiro, embora quase sempre lhe oferecessem papéis de destaque como o diabólico Kurtz em Apocalipse Now, outra obra de Coppola dominada pelo génio do ator.

sábado, 5 de julho de 2014

AL PACINO



Na semana passada falei-vos do primeiro filme da trilogia “O PADRINHO”, hoje falo-vos do ator que ficou indubitavelmente ligado aos filmes que melhor retrataram o fenómeno da Máfia: Al Pacino. Ainda não tinham passado três anos sobre a sua estreia em cinema, já Coppola reparava no seu talento e convocava-o para o Padrinho I, onde brilhou com tanta intensidade que foi indicado para Óscar pela Academia de Hollywood, na categoria de Melhor Ator Secundário. Não venceu, mas convenceu e nas sequelas que se seguiram Al Pacino assumiu o principal papel.
A ascendência siciliana de Al Pacino ter-lhe-à dado a veia necessária para encarnar a saga dos Corleone e de O Padrinho, que fez do ator americano um astro do cinema.

 Nascido a 2 de abril de 1940, Al Pacino viveu a infância no Bronx. O interesse pelo teatro levou-o a inscrever-se na High School for Performing Arts que abandonou aos dezassete anos. Depois de uma sucessão de empregos como paquete, arrumador e porteiro, entrou na Broadway e foi admitido na Actors Studio. Foi aí que afinou o enorme talento.
 Aos 33 anos conquistou Hollywood após a sua memorável atuação em O Padrinho, desempenho que lhe valeu a nomeação para Óscar de Melhor Ator. Era o primeiro dos filmes da célebre trilogia de Coppola e deu corpo, voz e coração a Michael Corleone, filho mais novo de Don Corleone (Marlon Brando). No segundo filme da saga, estreado em 1974, o portentoso Al Pacino foi já o rosto da “famiglia”, o que se repetiu no terceiro capítulo, exibido em 1990.


Nascido para a interpretação e a vitória, Al Pacino esteve soberbo no seu segundo filme, Pânico em Needle Park (1971), e deu vida a personagens que se colocaram ora de um lado ora do outro da barricada da justiça. Foi um polícia incorruptível em “Serpico” (1973), encarnou um vilão em Um dia de Cão, sempre com o mesmo realizador: Sidney Lumet. Em 1979, voltou à carga com “… E Justiça para Todos” de Norman Jewinson. Nestes três filmes residirá um dos temas mais importantes dos filmes de Al Pacino: a denúncia da corrupção no seio do sistema judicial e policial dos Estados Unidos.
Seguiu-se a participação em filmes polémicos e não muito bem sucedidos como “A caça” (1980), de William Frieldkin, um drama moralista sobre homossexualidade ou “Scarface, a face do poder”, de Brian De Palma, uma tentativa gorada de criar um Don Corleone de origem cubana.
       “Perigosa Sedução” (1989), filme de Harold Becker, no qual contracenou com Ellen Barkin em escaldantes cenas de sexo, marcou o regresso do ator ao seu mais alto nível. Em Dick Tracy (1990), perante Madonna, confirmou a boa forma, sobrepondo-se a um Warren Beatty, realizador e ator.
Em 1992, após seis nomeações para os Óscares, Al Pacino recebeu finalmente a estatueta de melhor ator pela sua fabulosa interpretação em “Perfume de Mulher”.
Al Pacino continuou a derramar talento em filmes marcantes como “Advogado do Diabo” (1997), “O Informador” (1999), “Mercador de Veneza” (2004) ou “A dupla face da lei” (2008), entre outros. No entanto, o melhor por agora é rever um pouco de um filme que lhe valeu um dos momentos mais altos da sua carreira.

Gabriel Vilas Boas


sábado, 21 de junho de 2014

O PADRINHO (I)


   Desde 1972, onde quer que se esteja, qualquer referência à máfia ou ao crime organizado é imediatamente associado ao filme “O PADRINHO” ou ao nome Don Corleone. Só isso diz bem da colossal importância deste filme e dos que se seguiram para completar a trilogia de Francis Ford Coppola.
    Ao longo de três horas, O Padrinho é estonteante, chocante e realista, retratando como nunca mais foi feito (exceto nos outros dois filmes da série) o pérfido cartel do crime que cresceu até ser quase omnipresente nos Estados Unidos.
    É diferente de qualquer outro filme de gangsters, pois Coppola não utiliza fórmulas até então conhecidas para contar a história, usando sequências de quadros visuais, unidos, tal como a própria família, pela presença quase mítica de Vítor Corleone (Marlon Brando). Essa é, aliás, a receita do romance original, em que Mario Puzo oscila entre mitos e realidades do mundo do crime organizado.
    Marlon Brando teve uma interpretação inesquecível, que lhe valeu o segundo Óscar de Melhor Ator da sua carreira, depois do que havia conseguido em 1954 com o filme Há lodo no cais. Aliás, o próprio Mario Puzo, que escreveu o argumento do filme em parceria com Coppola, referiu que tinha criado a personagem principal do filme já a pensar que ela seria interpretada por Marlon Brando. Mas a verdade é que o produtor do filme tinha pensado em entregar o papel a Edward G. Robinson ou Laurence Olivier. No entanto a vontade de Coppola era só uma e foi essa que acabou por prevalecer!


    Todas as interpretações neste filme são memoráveis, tanto no que respeita a protagonistas como a atores secundários. Al Pacino mostra-se estupendo no papel de Michael, o filho universitário de Don Corleone que acaba por responder ao apelo do sangue  em vez de seguir uma carreira longe do crime. O filme acaba também por ser o filme de Al Pacino, mas as aparições de Marlon Brando foram tão brilhantes que o sucessor de Don Corleone apenas teve direito a uma nomeação para ator secundário.
    Marlon Brando recebeu um pequeno cachet de 100 mil dólares, associado a uma comissão nas receitas do filme que lhe rendeu 16 milhões de dólares!
    Francis Ford Coppola, convencido de que seria muito difícil lidar com a personalidade de Brando, ficou surpreendido com a facilidade com que este captou a personagem e com o espírito cooperante que ele demonstrou ao longo dos 35 dias que concedeu para filmar o seu papel.
    O Padrinho foi um dos maiores êxitos de bilheteira de todos os tempos e atingiu ganhos na ordem de 150 milhões de dólares. Pela direção desta obra-prima do cinema, Francis Ford Coppola recebeu uma nomeação para Óscar. Já o filme foi considerado o melhor de 1972 pela Academia de Hollywood e Marlon Brando consagrado como melhor ator.

Gabriel Vilas Boas