Os filhos são o ponto fraco de qualquer homem ou mulher.
Amam-nos tantos que facilmente se deixam manipular. Falham, porque o amor tolda
a objetividade com frequência.
Há alguns pecados frequentes na relação com os
filhos… resolvi elencar 7, ou não tivesse este blogue o nome de “sete pecados (i)mortais”.
Comecemos pelo clássico “Não impor limites”, que é com quem diz não impor regras. A
sociedade está cheia delas e criar uma exceção em casa é começar a perder o
respeito e a consideração dos filhos.
Não é um clássico, mas tornou-se um hábito dos tempos
modernos – Discutir à frente dos filhos.
A criança/adolescente fica exposta a um sofrimento injusto e incompreensível.
Não é apenas o idílico mundo dos pais perfeitos que se desfaz, mas a horrível
sensação de ser objeto de arremesso e ter de tomar partido.
A inconstância
na educação e nos castigos deixa os filhos baralhados. Não sabem com
aquilo que contam. Uns dias, o pai está bem-disposto e deixa passar uma falha
grave; noutros dias a mãe está com a neura e cria um caso por uma ninharia. As
crianças e os jovens têm a noção clara da dimensão dos seus erros e por isso
não entendem uma educação incoerente.
Outro erro dos nossos dias é deixar que a televisão seja o educador oficial. As séries, as
telenovelas, os filmes apresentam o problema e a resolução. Os pais demitem-se
da discussão dos temas levantados ou então empurram às crianças para este
fastfood educativo, gerido a gosto pelo telecomando. A televisão não foi
pensada para educar nem crianças nem jovens nem adultos. Diversão e educação
até podem rimar, mas combinam mal.
A entrega à televisão do papel de educador faz lembrar
doutro grande “pecado” educacional: subornar
as crianças para que tenha determinado comportamento. Eles rapidamente a
fraqueza dos pais e tornam-se manipuladores implacáveis. Além do mais,
passamos-lhes um valor altamente censurável. Os filhos precisam de ter
consciência que há determinados comportamentos e atitudes que não têm prémio;
fazem parte de um comportamento social, cívico e familiar normal.
Deixei para o fim, três erros menos óbvios, mas que são a
cara de uma geração para quem procura nos filhos o contrabalanço de uma vida
pessoal falhada.
Sonhar
pelos filhos, que é como quem diz: querer determinar o seu
futuro profissional, pessoal, social. Querer o melhor para os filhos (quase
sempre isso quer dizer um emprego muito bem remunerado e considerado) não é
querer determinar o seu futuro, mas sim deixá-lo decidir em liberdade. É
triste, mas muitas vezes têm de ser os avós a lembrar que os filhos são nossos,
mas não são nossa propriedade.
Trabalhar
demasiado para dar tudo aos filhos é um erro do passado que
teimamos em repetir. Péssimo. Nenhum líder, nenhuma pessoa bem-sucedida chegou
ao topo sem o ter conquistado. Trabalhar até ao limite para deixar o máximo aos
filhos é só deixar peixes no cesto, mas nunca ensiná-lo a pescar. Por mais
peixes que existam, um dia eles vão acabar e o filho(a) não saberá pesar um
único peixe e passará fome. Um fome horrível e sem fim à vista.
Gabriel Vilas Boas
Muito bem, Gabriel. Estes ensinamentos são para guardar na biblioteca e consultar frequentemente.
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