Para sossegar a CGPT e o PCP,
o governo anunciou informalmente que pretende acabar com os falsos recibos
verdes na função Pública, que é como quem diz, acabar com os precários no
Estado.
Quem pensou na ideia, dentro do
governo, deve ter-se esquecido que há mais de vinte mil professores precários
em Portugal há vários anos, em condições de aproveitar essa leve brisa de
justiça que o governo português quer fazer correr. Quando o Correio da Manhã fez as contas, alguns
membros do governo devem ter levado um susto; depois telefonaram a Jerónimo de
Sousa e começaram a falar do Natal do ano que vem.
Mário Nogueira, o líder da
Fenprof, já percebeu que os professores ficarão de fora desta incorporação nos
quadros da função pública dos precários, apesar da diretiva
europeia, das boas intenções do governo
e da pressão do PCP e BE.
Se a intenção do governo
fosse incluir os professores, Mário Nogueira já o saberia e andaria a preparar
os foguetes, para comemorar a sua mais estrondosa vitória política e sindical
desde que é líder da mais importante organização de professores do país. O tom de suave ameaça de Nogueira deixa claramente
a entender que os professores contratados ainda não conseguiram o estatuto de “precários
do Estado”, porque, na verdade, estão ainda num patamar inferior.
Os professores contratados não
têm culpa de serem muitos, não têm culpa de serem realmente necessários, nem lhes cabe qualquer responsabilidade neste indigno arrastar da sua situação laboral
com o Ministério da Educação. No entanto, serão mais uma vez discriminados,
porque “não há dinheiro”. É a conversa de sempre, até descobrirmos que lá vamos
enterrar não sei quantos milhões num banco qualquer, privado ou público, que
urge salvar para depois vender (ou dar) ao desbarato a um concorrente espanhol.
A falta de dinheiro até é um
falso problema, porque, na verdade, o impacto da entrada nos quadros destes
vinte/trinta mil docentes seria reduzido, pois ficariam a ganhar praticamente o
mesmo;todavia deve fazer uma confusão medonha a muita gente que haja mais
vinte/mil trinta mil funcionários públicos, ainda que na verdade eles já
trabalhem para o Estado há vários anos.
“Sempre se podem despedir de
um dia para outro!” Nem isso é verdade. Estes professores foram, são e serão
precisos. Toda a gente ligada à educação, com responsabilidades governativas,
sabe disso. O problema é que não têm a coragem política necessária para o
assumir, colocando-os nos quadros.
Em política, coragem de fazer
aquilo que é certo é das coisas mais raras, já a sem-vergonhice…
Gabriel Vilas Boas
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