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domingo, 13 de novembro de 2016

UM ESTRANHO E FELIZ AMOR


Provavelmente a melhor notícia que li hoje: 44 mil alunos senegaleses estudam o português como segunda língua!
Se fosse quatro mil já seria excecional, mas 44 mil é um número absurdamente belo. No mundo inteiro apenas 80 mil pessoas estudam o português como segunda ou terceira língua, inserida nos currículos oficiais.
No meio de África, perto da Guiné e de Angola, reafirma-se este estranho e feliz amor à língua portuguesa. Obviamente que é estranho para nós, portugueses, mas não para os senegaleses, que há mais de cinquenta anos que têm o português como opção curricular. O investimento, como o amor, é deles, mas devia servir de exemplo e inspiração para o ministérios da educação, dos negócios estrangeiros e da cultura de Portugal.

Levar a nossa língua a países como a China, a Bulgária, a Polónia, a Roménia, a Hungria, a Rússia ou a Croácia é dos melhores investimentos que podemos fazer no estrangeiro. Quem conhece a língua fica a saber a História, a cultura, os costumes. Rapidamente, essa semente se multiplicará e em poucos anos teremos mais gente pouco óbvia a interessar-se pelo português.
Foi uma semente semelhante, deixada a meio do século XX em Dakar, que produziu este intenso amor em 44 mil alunos senegaleses, que sabem quem é Camões, Torga, Vasco da Gama, Sophia de Mello Breyner.
Obviamente que não devemos descurar a nossa obrigação: levar o português onde estão as comunidades portuguesas (EUA, França, Alemanha, Suíça) e onde o português é língua oficial (Angola, Guiné, Moçambique, São Tomé, Cabo Verde, Timor) assim como à Guiné Equatorial. N entanto, paralelamente não podemos descurar o investimento, porque histórias como a do Senegal provam que ele produz frutos. A própria CPLP têm aqui uma bela fonte de inspiração para a sua ação.
Talvez um dia destes comece a ser chique falar português. Ia ter a sua graça…

Gabriel Vilas Boas

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