O medo nasce mais da ignorância do que da falta de coragem.
Umberto Eco explicou isso no seu “Em Nome da Rosa”, mas o medo não desapareceu, apesar de sermos cada vez mais cultos. Pelo menos temos uma cultura académica,
temos muita mais informação, mas não temos, notoriamente, mais sabedoria. E o
medo entra por esse longo túnel de escuridão pessoal.
A sabedoria é a aplicação corajosa de tudo o que aprendemos
e conhecemos ao nosso Eu, assumindo um quadro de valores e opções ditados pela
nossa consciência.
Dir-me-ão que assumir opções (como opiniões) implica
coragem; de acordo, mas se não tivermos coragem para assumir o que gostamos de
ser, não temos de aceitar aquilo que os outros querem que sejamos. E essa opção é muito
pior.
Enfrentar o medo é assumir as consequências da liberdade.
Há tantas pequenas/grandes decisões em que ter medo é incompreensível.
Medo de falar, medo de confrontar, medo de discordar, medo…
rapidamente se transforma em medo de viver.
Na verdade, os outros, os
terríficos, não destruirão a vida por lhes dizermos “Não”. É verdade que nos vão
ameaçar, chantagear, retirar cargos, diminuir salários, deixar de nos falar…
mas apenas porque lhe passamos o “medo” para as mãos.
Quando deixamos de ter
medo de assumir o que pensamos/ o que queremos (por muito errado que isso possa
ser e, às vezes, é) obrigamos o outro a ser convincente ou então a aceitar as
nossas razões.
Obviamente que pode não aceitar e não ter razão nenhuma,
mas deixará de poder usar o medo como arma de persuasão.
O medo é uma prisão sem grades; uma espécie de teia de
aranha gigante que nos constrange a alma e nos deixa infelizes.
Ainda que a vitória sobre o medo nos conduza a uma parede
chamada “derrota” ou “erro”, ficaremos sempre com a certeza que os outros
ganharam porque foram melhores.
Gabriel Vilas Boas
Fui à procura disto que escrevi em 2009 - https://anabelapmatias.blogspot.com/2009/10/importancia-da-opiniao-contraria.html
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