Nas antípodas do professor-águia está o… professor-pomba.
Conhecem aquele professor que fala num ritmo moderado, atento ao detalhe, claramente amigável e que precisa de planear tudo
com calma? Esse é o professor-pomba.
Normalmente, ele não é muito considerado entre os colegas e
alguns alunos fazem-lhe a vida negra, transformando a sua sala de aula numa
desorganização próxima do caos. Muitas vezes ele perde o controlo da
situação, no que ao comportamento diz respeito, mas isso está longe de
significar que ele seja um mau professor, como muitos, apressada e injustamente, julgam.
O professor-pomba sabe
ouvir. É aquele tipo de professor que fala menos e ouve mais. Por isso,
deteta com enorme facilidade as emoções não-verbais que os seus alunos emitem,
sendo capaz de perceber antes de qualquer outro quando determinado aluno anda
com algum problema extra-aula.
O professor-pomba é excelente para unir grupos, fazendo
nascer ótimas equipas de trabalhos e sendo uma enorme ajuda para os outros
colegas quando é preciso fazer a ponte com famílias problemáticas.
O professor-pomba ocupa pouco espaço. Não é um professor
confiante, capaz de impor a sua presença, as suas ideias, as suas vontades aos
colegas.
Com facilidade permite que alguns colegas tenham com ele certas deselegâncias
desnecessárias, mas ele jamais terá essa atitude com quem quer que seja. É um
professor que valoriza a estabilidade e por isso é capaz de aguentar uma
situação profissional desfavorável mais tempo que a generalidade dos colegas.
Com ele, aprendemos a capacidade de resiliência que
qualquer professor deve ter e que falta ao professor-águia, por exemplo.
A emoção-base deste tipo de professor é o amor. Talvez por
isso acabe por se focar excessivamente no aluno, deixando de lado algumas
legítimas preocupações consigo e com a sua situação profissional.
O professor-pomba é um professor sensível, que
privilegia o afeto e a estabilidade.
No entanto, este tipo de professor deve estar atento, para
não cometer erros típicos da sua personalidade: ser demasiado acomodado e não
conduzir os alunos para além das suas limitações autoimpostas; não desafiar
suficientemente os alunos-águia ou não andar suficientemente depressa para
corresponder às características do aluno-papagaio (saberemos as suas
características num destes dias).
O professor-pomba é tão importante e necessário como o
professor-águia. Desconsiderá-lo, relegá-lo para tarefas menos vistosas ou até
troçar da sua personalidade é um erro crasso, pois ele resolve problemas tão
complexos dentro duma escola como qualquer outro professor. Apenas usa um
método diferente, porque sente de maneira diferente.
Gabriel Vilas Boas
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