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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

CORTAR AO POBRE PARA ESBANJAR COM O RICO





PRESSÕES IMORAIS
A política vive de pressões e imoralidades! Todos já o sabemos há muito, mas algumas são de um descaramento que surpreende até os mais céticos.
Hoje reparei em duas notícias (“Gestores da Caixa ameaçam demitir-se se tiverem de declarar rendimentos” / “Médicos denunciam pressão imoral para não passar exames”) que eu acho que devem de ser lidas a par, para percebermos, através de exemplos concretos, como se concretiza a sem vergonhice política que nos governa.


Nos ordenados da Caixa Geral de Depósitos, tudo está mal, tudo é imoral. Os poderes dados pelo ministro Centeno à nova administração são excessivos; os salários contratados são imorais; a tácita anuência do governo à não declaração pública desses ordenados é indigna da posição que ocupa; a ameaça de demissão dos neófitos banqueiros públicos é ignóbil.
É impossível não haver em toda a administração pública gente capaz de endireitar o banco público, sobretudo agora que houve recapitalização. Gente que trabalharia, estou certo, por um valor 7/8 vezes inferior ao do pretensioso António Domingues. Já a pressão que a sua equipinha de gestores acaba de fazer sobre o governo só pode ter uma resposta – A porta da rua é a serventia da casa.

É sempre de desconfiar quando alguém faz tanta pressão para que não se saiba quanto ganha. Como é que um presidente de um banco público pode lutar por um setor bancário transparente se ele próprio é o maior exemplo de opacidade?
Do outro lado da rua, os médicos denunciam as fortes pressões das administrações hospitalares para que não passem exames, pois estes custam dinheiro. Em primeiro lugar, como foi feita, esta é uma denúncia cobarde. É preciso dizer quem, onde, como e quando. É grave a acusação, por isso exige definição clara dos seus elementos.

No entanto, não me custa a crer que ela tenha existido e ainda exista, em grande escala, até porque já ouvi relatos na primeira pessoa de tais práticas. Os exames são caros, é verdade, mas são essenciais ao diagnóstico e salvam vidas ou prolongam a saúde a milhares de pessoas. Não é pelo doente ser um velhote que aceita tudo de bom grado, que lhe vamos negar um direito básico de saúde. Este problema dos exames médicos é gravíssimo. Quem ordena ou pressiona para tal devia estar sujeito, no mínimo, a um processo disciplinar.    
Há dias um tribunal da relação confirmou uma insensata decisão de um tribunal de 1.ª instância, que condeno um senhor de Coimbra por este se ter insurgido, numa carta aberta contra um político que chamou aos velhos de Portugal “peste grisalha”. Hoje sabe-se que há dirigentes políticos a pressionar médicos para não passar exames e gestores bancários que não querem que se saiba quanto lhes vamos pagar. Afinal de contas, a doença de Trump já chegou a Portugal.
Gabriel Vilas Boas

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