Etiquetas

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O TANTO FAZ


“Na vida tudo é relativo!” – Ouvi esta frase repetidamente dezenas de vezes quando era adolescente e um padre espanhol tentava demonstrar que apenas Deus era absoluto. Não me lembro já das suas teorias, mas a frase continua a gelar-me.
Nunca consegui aceitar a teoria da relatividade aplicada às pessoas. 
É certo que há muitas pessoas que entram nas nossas vidas e rapidamente saem, mas, enquanto estão, são para sempre! Interessa-me pouco a estatística, o poder da rotina, a cultura do descartável.
Talvez por isso me cause muita confusão quando descubro o “tanto faz” entre supostas amizades.
O “tanto faz” é o parente mais chegado do “Na vida, tudo é relativo!” O "tanto faz" é o descaso completo, é o não querer saber, é o estar apenas quando é oportuno e conveniente, é ter uma perspetiva materialista e oportunista dos relacionamentos.

O "tanto faz" parte de um espírito fraco e pobre, mas é capaz de fazer estragos consideráveis naqueles que nos viam como friends forever
O “tanto faz” magoa, entristece, faz-nos desacreditar da bondade das pessoas e da beleza da vida.  
Não é a distância que separa as pessoas; é o "tanto faz"! 
E não é preciso grandes cometimentos para mostrarmos que o “tanto faz” não faz nada connosco. Uma simples sms na altura certa; ficar junto de alguém quando a nossa presença é imprescindível; saber relativizar um descontrolo emocional ocasional; pegar no telefone e esquecer o relógio quando o outro tem necessidade de chorar, desabafar, arrostar contra o mundo.

O "Tanto faz" é o triunfo do desencanto; é uma rua escura e sem saída, onde facilmente perdemos a confiança nos outros e em nós.

Na amizade como no amor há sempre tanto para fazer, mas não há lugar para o “tanto faz”.

Gabriel Vilas Boas

Sem comentários:

Enviar um comentário