“Na vida tudo é relativo!” – Ouvi esta frase
repetidamente dezenas de vezes quando era adolescente e um padre espanhol
tentava demonstrar que apenas Deus era absoluto. Não me lembro já das suas
teorias, mas a frase continua a gelar-me.
Nunca consegui aceitar a teoria da relatividade aplicada às
pessoas.
É certo que há muitas pessoas que entram nas nossas vidas e
rapidamente saem, mas, enquanto estão, são para sempre! Interessa-me pouco a estatística,
o poder da rotina, a cultura do descartável.
Talvez por isso me cause muita confusão quando descubro o “tanto
faz” entre supostas amizades.
O “tanto faz” é o parente mais chegado do “Na vida, tudo é
relativo!” O "tanto faz" é o descaso completo, é o não querer saber, é o estar
apenas quando é oportuno e conveniente, é ter uma
perspetiva materialista e oportunista dos relacionamentos.
O "tanto faz" parte de um espírito fraco e pobre, mas é capaz
de fazer estragos consideráveis naqueles que nos viam como friends forever.
O “tanto
faz” magoa, entristece, faz-nos desacreditar da bondade das pessoas e da beleza
da vida.
Não é a distância que separa as pessoas; é o "tanto faz"!
E
não é preciso grandes cometimentos para mostrarmos que o “tanto faz” não faz
nada connosco. Uma simples sms na altura certa; ficar junto de alguém quando a nossa presença é
imprescindível; saber relativizar um descontrolo emocional ocasional; pegar no
telefone e esquecer o relógio quando o outro tem necessidade de chorar,
desabafar, arrostar contra o mundo.
O "Tanto faz" é o triunfo do desencanto; é uma rua escura e sem
saída, onde facilmente perdemos a confiança nos outros e em nós.
Na amizade como no amor há sempre tanto para fazer, mas não
há lugar para o “tanto faz”.
Gabriel Vilas Boas
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