Uma pergunta que os professores se deviam fazer
constantemente é Que marca estou a deixar nos meus alunos?
Muitos de nós seguimos determinada orientação profissional
por causa de um professor, alguns recordam para sempre histórias inolvidáveis
ligadas a dado professor, embora também haja episódios traumáticos
ligados a professores.
Quem ensina deve perceber que deixa (ou pode deixar) uma
marca em quem o ouve, às vezes, mais vincada do que aquilo que ensina.
Além daquilo que ensina, o professor é também o seu quadro
de valores, o seu estilo, o cuidado que dedica à comunicação. E comunicar é
cada vez mais importante na sala de aulas. Uma coisa é informar, outra bem
diferente é comunicar. E saber comunicar é importantíssimo para chegar ao
aluno.
Para comunicar corretamente, o professor deve compreender e
compreender-se; saber que tipo de professor é e que tipo de alunos tem à sua
frente.
Hoje lembrei-me do professor-águia. O professor-águia é aquele professor que vai direto ao assunto; detesta floreados e que o façam perder
tempo. A sua forma de comunicação é lógica, direta e linear.
O professor-águia gosta de dominar aula e tem um ritmo rápido.
Gosta de alunos e colegas objetivos e é pouco dado ao detalhe e às emoções.
Com
frequência impacienta-se, pois não gosta de o que façam perder tempo.
Enfrenta colegas e alunos com determinação, olhos nos
olhos, e, por vezes, torna-se até um pouco agressivo.
A sua emoção-base é a
raiva, que é ótima para “agitar as águas”, desacomodar as pessoas. São fantásticos para iniciar e conceder projetos, mas péssimos para gerar consenso e ouvir outras opiniões.
Gostam de dominar e até a posição corporal indicia essa confiança
absoluta na sua visão do mundo, da escola, do outro.
Também há os alunos-águia. São aqueles estão sempre a
perguntar: “Ó professora, para quê estudar poesia? Eu não vou precisar disto
para ser engenheiro!”
O problema (ou a sorte) é que não há só águias na selva.
O
professor-águia deve perguntar-se se a sua abordagem não está muito direcionada
para os resultados finais, não proporcionar aos seus alunos novos conhecimentos. O professor-águia pode também estar a negligenciar as necessidades emocionais dos seus alunos, dado o seu carácter
pouco sensível; para já não falar no ritmo alucinante que impõe às suas aulas,
quando procura dar toda a matéria depressa de mais, como se todos os alunos
fossem águias como ele. Não são.
Noutro dia falarei doutros “bichos” que coabitam a sala de
aulas com as águia. Entretanto sempre podemos ir vendo quanta alma de águia nos habita.
Gabriel Vilas Boas
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