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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O PROFESSOR-ÁGUIA


Uma pergunta que os professores se deviam fazer constantemente é Que marca estou a deixar nos meus alunos?
Muitos de nós seguimos determinada orientação profissional por causa de um professor, alguns recordam para sempre histórias inolvidáveis ligadas a dado professor, embora também haja episódios traumáticos ligados a professores.
Quem ensina deve perceber que deixa (ou pode deixar) uma marca em quem o ouve, às vezes, mais vincada do que aquilo que ensina.
Além daquilo que ensina, o professor é também o seu quadro de valores, o seu estilo, o cuidado que dedica à comunicação. E comunicar é cada vez mais importante na sala de aulas. Uma coisa é informar, outra bem diferente é comunicar. E saber comunicar é importantíssimo para chegar ao aluno.

Para comunicar corretamente, o professor deve compreender e compreender-se; saber que tipo de professor é e que tipo de alunos tem à sua frente.
Hoje lembrei-me do professor-águia. O professor-águia é aquele professor que vai direto ao assunto; detesta floreados e que o façam perder tempo. A sua forma de comunicação é lógica, direta e linear.

O professor-águia gosta de dominar aula e tem um ritmo rápido. Gosta de alunos e colegas objetivos e é pouco dado ao detalhe e às emoções. 
Com frequência impacienta-se, pois não gosta de o que façam perder tempo.
Enfrenta colegas e alunos com determinação, olhos nos olhos, e, por vezes, torna-se até um pouco agressivo. 
A sua emoção-base é a raiva, que é ótima para “agitar as águas”, desacomodar as pessoas. São fantásticos para iniciar e conceder projetos, mas péssimos para gerar consenso e ouvir outras opiniões.
 Gostam de dominar e até a posição corporal indicia essa confiança absoluta na sua visão do mundo, da escola, do outro.


Também há os alunos-águia. São aqueles estão sempre a perguntar: “Ó professora, para quê estudar poesia? Eu não vou precisar disto para ser engenheiro!”
O problema (ou a sorte) é que não há só águias na selva. 
O professor-águia deve perguntar-se se a sua abordagem não está muito direcionada para os resultados finais, não proporcionar aos seus alunos novos conhecimentos. O professor-águia pode também estar a negligenciar as necessidades emocionais dos seus alunos, dado o seu carácter pouco sensível; para já não falar no ritmo alucinante que impõe às suas aulas, quando procura dar toda a matéria depressa de mais, como se todos os alunos fossem águias como ele. Não são.
Noutro dia falarei doutros “bichos” que coabitam a sala de aulas com as águia. Entretanto sempre podemos ir vendo quanta alma de águia nos habita.

Gabriel Vilas Boas

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